#JustiçaParaMoïse — Foto: Redes sociais
#JustiçaParaMoïse — Foto: Redes sociais

O jovem congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, morreu na semana passada, de traumatismo do tórax, com contusão pulmonar, causada por ação contundente, depois de ser espancado em quiosque na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Ele trabalhava por diárias no local e, segundo a família, foi vítima de uma sequência de agressões após ter cobrado dois dias de pagamento atrasado. Seu corpo foi achado amarrado em uma escada.

Nesta terça-feira (1), um homem foi à 34ª DP e disse ser uma das pessoas que agrediu o congolês. Sem ter a identidade revelada, o suspeito afirmou que “teme pela vida” e que não queria “matar o homem, por isso não bateram na cabeça”. O homem contou que é um dos funcionários do Quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, onde o episódio aconteceu.

A Polícia Civil confirma que ele esteve na unidade na manhã desta terça-feira, e que agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) já o levaram para prestar depoimento. Acompanhado por duas irmãs e um advogado, a família do suspeito estaria o pressionando para se entregar por temer por sua integridade física. O caso segue em sigilo. Por ora, não há mandados de prisão expedidos.

Em áudios obtidos pelo SBT, o homem afirma não ser racista, que Moïse estava embriagado e tentou agredir um senhor com uma cadeira que estava no quiosque. O suspeito narra nos áudios que iria dormir no quiosque e que as agressões aconteceram próximo do horário do fechamento do estabelecimento. “A gente se meteu e demos umas ‘porradas’ nele. Só o que acontece: o cara não resistiu. Estou falando a verdade. A gente não foi para matar ele. Tanto que a gente não bateu na cabeça dele. Não foi por querer, mas acabei tirando a vida de uma pessoa. A gente foi defender uma pessoa, entendeu? Acabou acontecendo essa fatalidade”, diz em trecho do áudio.

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Solidariedade

Artistas, políticos e entidades usaram as redes sociais para lamentar sua morte. Com a #JusticaPorMoise, eles pedem que o crime não fique impune.

“O assassinato do congolês Moïse Kabagambe, após ser violentamente espancado em 24 de janeiro no Rio de Janeiro, é deplorável e merece o mais absoluto repúdio pela sociedade brasileira. A Human Rights Watch lamenta profundamente o ocorrido e se solidariza com a família de Moïse e com a comunidade congolesa no Brasil.

O gravíssimo contexto de violência contra a população negra no Brasil, cuja chance de ser vítima de homicídio é quase 3 vezes maior em comparação a não negros, impõe que a investigação sobre este caso apure minunciosamente a possível discriminação contra a vítima, em relação a sua raça e origem.

É imprescindível que as autoridades do Rio de Janeiro se mobilizem com a urgência que o caso demanda e concluam a investigação deste crime terrível; e que justiça seja feita a Moïse Kabagambe e sua família. Que este não seja mais um caso da impunidade que tem marcado o Rio de Janeiro”, disse a ONG Human Rights Watch

Políticos da gestão municipal e estadual do Rio de Janeiro também prestaram solidariedade

“O assassinato do congolês Moïse Kabamgabe não ficará impune. A @PCERJ está identificando os autores dessa barbárie. Vamos prender esses criminosos e dar uma resposta à família e à sociedade. A Secretaria de Assistência à Vítima vai procurar os parentes para dar o apoio necessário”, disse Cláudio Castro, governador do Rio.

Pedro Paulo, secretário municipal de Fazenda e Planejamento, também comentou sobre o caso “O brutal assassinato do jovem Congolês Moïse é inadmissível e requer apuração rápida e rigorosas punindo todos os culpados. Solicitei ao secretário @BrennoCarnevale que acompanhe de perto toda a investigação”, afirmou. “Caso se confirme a participação ou conivência do concessionário/proprietário do Quiosque Tropicália, será imediata a cassação de sua licença e concessão. É inaceitável que o espaço mais democrático dessa Cidade possa ser concedido a alguém capaz de um ato tão brutal e desumano!”, completou.

Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, afirmou que a prefeitura irá investigar o caso. “O assassinato de Moïse Kabamgabe é inaceitável e revoltante. Tenho a certeza de que as autoridades policiais atuarão com a prioridade e rigor necessários para nos trazer os devidos esclarecimentos e punir os responsáveis. A prefeitura acompanha o caso”.

“Um trabalhador que deixou sua terra natal no Congo em busca de uma vida melhor no Brasil foi espancado até a morte porque cobrou dois dias de salário atrasado. É revoltante, grotesco e covarde. O assassinato brutal de Moise Kabagambe não pode ficar impune”, disse o deputado federal Marcelo Freixo