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Foto: reprodução G1

O inquérito do homicídio de tesoureiro do PT e guarda municipal, Marcelo Arruda, foi concluído pela Polícia Civil do Paraná (PCPR). Segundo eles, não houve motivação política no assassinato do tesoureiro do PT, em Foz do Iguaçu.

Jorge Guaranho foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e causar perigo comum, de acordo com a delegada Camila Cecconello.

Ainda de acordo com a delegada, Guaranho atirou contra Marcelo por ter se sentido ofendido, visto que, após provocação política, o petista jogou um punhado de terra e pedras contra o carro dele.

Contudo, apesar das provocações, ela afirma que o assassinato não teve motivo político já que os disparos foram feitos após uma escalada na discussão. “É difícil nós falarmos que é um crime de ódio, que ele matou pelo fato de a vítima ser petista”, afirmou.

A delegada ainda avaliou que Guaranho não planejou o crime pois, embora tenha recebido a informação da temática da festa e tenha ido para provocar com a música do Bolsonaro, cometeu o crime em um segundo momento.

“Segundo os depoimentos, que é o que temos nos autos, ele voltou porque se sentiu ofendido com essa escalada da discussão, com esse acirramento da discussão entre os dois”, disse Camila.

Segundo ela, para se enquadrar em motivação política, seria necessário identificar um desejo do atirador em impedir os direitos políticos de Marcelo. “Para você enquadrar em crime político, tem que enquadrar em alguns requisitos. É complicado a gente dizer que esse homicídio ocorreu porque o autor queria impedir os direitos políticos da vítima. Parece mais uma coisa que se tornou pessoal”, afirmou Camila.

Como tudo aconteceu

De acordo com a Polícia Civil, o policial penal estava em um churrasco quando ficou sabendo da festa de aniversário do Marcelo, que ocorria na associação. Ele foi informado por outra pessoa que tinha acesso às câmeras de segurança do local.

Segundo a delegada, Guaranho saiu do churrasco e foi para a festa de aniversário a fim de fazer uma provocação com uma música de apoio ao presidente atual, Jair Bolsonaro (PL). Testemunhas disseram que ele chegou em um carro com sua esposa e um bebê.

Ainda de acordo com testemunhas, Marcelo jogou um punhado de terra contra o veículo de Guaranho. Depois disso, o policial deixou a associação.

A Polícia concluiu que Guaranho voltou tempo depois por ter se sentido humilhado. Ao chegar no local, o porteiro da associação tentou impedir a entrada de Guaranho a pedido dos participantes da festa.

De acordo com a análise das imagens, a discussão evoluiu da seguinte forma:

  1. Guaranho vai até a associação e, segundo testemunhas, coloca no carro uma música de apoio ao Bolsonaro;
  2. Marcelo, a vítima, sai do salão de festas e atira um punhado de terra contra o carro de Guaranho;
  3. Os dois começam uma discussão;
  4. Guaranho deixa o local, e participantes da festa pedem para o porteiro impedir a entrada dele, caso o policial voltasse.
  5. Guaranho volta e o porteiro tenta impedir sua entrada. Entretanto, o policial abre o portão sozinho.
  6. O porteiro avisa Marcelo da entrada de Guaranho;
  7. O petista carrega sua arma e a coloca na cintura;
  8. Guaranho estaciona o carro;
  9. Marcelo pega a arma;
  10. Guaranho também saca a arma de fogo;
  11. Pâmela, esposa da vítima, tenta intervir na discussão;
  12. Marcelo e Guaranho ordenam um ao outro que abaixem a arma;
  13. Guaranho atira primeiro, dando quatro disparos;
  14. Dois acertam o guarda civil, que atira dez vezes, acertando quatro tiros contra o policial.

Sabendo do provável retorno de Guaranho, o inquérito aponta que Marcelo tinha se armado para se defender.

“A vítima pega a sua arma de fogo como proteção de um eventual retorno do autor. E a vítima aponta a arma de fogo quando vê a volta do autor, porque já sabia que o autor estava armado. Então, é uma atitude natural da vítima querer se defender.” afirma a delegada Camilla.

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Investigação

O principal objetivo da investigação era verificar se o crime contra Marcelo Arruda, morto por bolsonarista e policial penal federal, Jorge José da Rocha Guaranho, foi motivado por intolerância política.

De acordo com testemunhas, o atirador invadiu a festa de Marcelo gritando o nome de Bolsonaro e “mito”. Entretanto, antes dos disparos, os dois discutiram e Marcelo tacou terra no bolsonarista com o intuito de expulsá-lo.

Após análise das câmeras de segurança e ouvir 17 pessoas, dentre testemunhas e familiares do guarda municipal e do policial penal federal, a polícia concluiu que o crime não se deu por motivo político, mas sim, por Guaranho se sentir ofendido.

Além deste inquérito, um outro foi aberto para apurar as agressões sofridas por Jorge Guaranho após os disparos contra o petista. Três pessoas estão sendo investigadas pelo caso. A polícia também aguarda um laudo pericial para determinar a gravidade das agressões sofridas pelo policial penal federal.