Foto de bolsonaro com máscara preta
(Foto: Marcelo Casal Júnior/Agência Brasil)

Durante visita à Catedral de Brasília, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi perguntado por um dos repórteres no local sobre os depósitos de R$ 89 mil, realizados pelo ex-assessor, Fabrício Queiroz, para a conta bancária da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Como resposta, Bolsonaro disse: “Minha vontade é encher tua boca com uma porrada”. Depois da afirmação, o presidente chamou o jornalista do O Globo de “safado”.

Em seguida, outros repórteres no local perguntaram se a ameaça era direcionada para toda a imprensa ou apenas para o jornalista que fez a pergunta a ele.

Bolsonaro seguiu para o Palácio da Alvorada sem responder nenhuma das perguntas feitas para ele e os militares que o acompanhavam proibiram os jornalistas de entrarem no espaço reservado à imprensa no local.

A Secom (Secretaria de Comunicação Social) do Ministério das Comunicações informou ao UOL que “o Planalto não comentará” sobre o ocorrido.

Aglomeração

O caso aconteceu depois da visita de Bolsonaro a uma área residencial na quadra 103 da Asa Norte, bairro de Brasília.

Os moradores do local se aglomeraram onde o presidente estava e ao sair do local, Bolsonaro parou para tirar fotos com as pessoas, entre elas, crianças e idosos.

A aglomeração vai na contramão das orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do Ministério da Saúde como medidas de prevenção da disseminação do novo coronavírus.

Bolsonaro também não respondeu aos jornalistas o motivo da visita ao bairro.

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Repercussão

No Twitter, o caso chocou milhares de pessoas que postaram repetidamente a mesma frase perguntada para o presidente, em apoio ao repórter e à imprensa.
Print de post no Instagram de Gregório Duvivier
Foto: Instagram/Gregório Duvivier

O Jornal O Globo postou uma nota de repúdio à resposta dada pelo presidente da República ao jornalista.

“Tal intimidação mostra que Jair Bolsonaro desconsidera o dever de qualquer servidor público, não importa o cargo, de prestar contas à população. Durante os governos de todos os presidentes, o GLOBO não se furtou a fazer as perguntas necessárias para cumprir o papel maior da imprensa, que é informar os cidadãos. E continuará a fazer as perguntas que precisarem ser feitas, neste e em todos os governos.”

De acordo com a ONG RSF (Repórteres sem Fronteiras), só nos primeiros seis meses do ano, Bolsonaro já transferiu 53 agressões verbais contra jornalistas.