
O presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu hoje (29) um processo por ofensa e insinuação contra a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo.
O julgamento no Tribunal de Justiça de São Paulo começou na tarde de terça-feira (28) e foi finalizado na manhã de hoje, com 4 votos a 1. Nas redes sociais, a jornalista comemorou a decisão. “Ganhamos! Por 4×1, o TJ de SP decidiu que não é aceitável um presidente da República ofender, usando insinuação sexual, uma jornalista. Uma vitória de todas nós mulheres”, afirmou Patrícia Campos Mello.
Em 2018, a repórter da Folha revelou um esquema de financiamento para disparos de mensagens em massa durante a campanha eleitoral. O método fere a lei eleitoral.
O presidente Jair Bolsonaro ofendeu a jornalista e afirmou que ela “queria dar o furo a qualquer preço”, uma insinuação sexual contra a jornalista.
Processo na justiça
Patrícia Campos acionou a Justiça em fevereiro de 2020, quando sofreu um ataque de cunho sexual, pelo presidente Bolsonaro. Na ocasião, o atual presidente, acompanhado de seus apoiadores, disse em uma entrevista em frente ao Palácio do Alvorada que a repórter “queria dar o furo a qualquer preço contra mim”. Furo, no meio jornalístico, é um termo usado para definir uma informação ou notícia exclusiva.
A declaração do presidente foi uma referência a um depoimento na CPI das Fake News feito por Hans River de Nascimento, ex-funcionário de uma agência de disparos de mensagens em massa por WhatsApp e fonte da reportagem de Patrícia.
Sem apresentar provas, Hans disse no depoimento que a jornalista queria “um determinado tipo de matéria a troco de sexo”. Logo em seguida, essa fala foi compartilhada nas redes sociais pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente.
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Em março de 2021, Bolsonaro foi condenado em primeira instância a indenizar em R$ 20 mil a repórter. A decisão de primeiro grau foi proferida na última sexta-feira (26) pela juíza Inah de Lemos e Silva Machado, da 19ª Vara do Foro Central Cível de São Paulo. A indenização por danos morais foi arbitrada em R$ 20 mil, valor menor do que o pedido por Campos Mello (R$ 50 mil).
Já no dia 24, o desembargador Salles Rossi, da 8ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), acolheu a tese da defesa do presidente Jair Bolsonaro (PL) e alegou não ter visto ofensa sexista na declaração do presidente à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo. Apesar disso, o TJ decidiu de forma favorável à jornalista.