O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), adotou uma nova postura sobre o uso de câmeras corporais nos policiais militares após uma série de casos de violência policial amplamente divulgados pela mídia. Em entrevista nesta quinta-feira (5), Tarcísio admitiu que tinha uma “visão equivocada” sobre o uso desses equipamentos e agora está convencido de que as câmeras são ferramentas essenciais tanto para proteger a sociedade quanto os próprios policiais.
Tarcísio afirmou que, inicialmente, ele tinha uma visão errada sobre as câmeras, baseada em experiências passadas, e que isso não estava relacionado com a segurança pública. Segundo ele, atualmente, está “completamente convencido” de que o uso das câmeras é fundamental para garantir a segurança tanto da população quanto dos próprios agentes de segurança.
“Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Eu tinha visão equivocada, fruto da experiência pretérita que eu tive. Não tem nada a ver com a questão da segurança pública. Hoje, estou completamente convencido que é um instrumento de proteção da sociedade e do policial”, disse o governador, acrescentando que o programa de câmeras será mantido e até ampliado.
Atualmente, os policiais militares de São Paulo já utilizam câmeras nas fardas, mas uma nova versão dessas câmeras será implementada a partir do dia 17 de dezembro. Essas câmeras terão a funcionalidade de gravação acionada tanto pelo policial quanto remotamente. O governador ressaltou que todos os recursos da nova tecnologia serão testados antes de entrarem em operação.
Mudança de postura durante a crise de segurança
Em sua campanha eleitoral de 2022, Tarcísio havia sido um crítico ferrenho do uso de câmeras nos uniformes dos policiais, questionando a efetividade das imagens gravadas para a segurança pública.
Em janeiro deste ano, ele chegou a declarar que a gestão dele não investiria em novos equipamentos, argumentando que as câmeras corporais não traziam resultados efetivos na proteção dos cidadãos.
Contudo, diante da crescente pressão sobre a segurança pública e os recentes casos de abusos policiais, o governador passou a reconhecer a importância dessas ferramentas. Ele declarou que o modelo mais recente de câmeras será utilizado apenas depois que todos os testes de funcionalidade forem realizados para garantir a segurança e eficácia do sistema.
Manutenção de Guilherme Derrite no comando da segurança
Apesar da mudança de discurso em relação ao uso das câmeras, Tarcísio de Freitas afirmou que não planeja realizar mudanças na Secretaria da Segurança Pública (SSP) ou na Polícia Militar de São Paulo. O governador demonstrou confiança no trabalho de Guilherme Derrite, atual secretário da Segurança, e garantiu que continuará contando com sua liderança.
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Ele também abordou a questão de como a violência deve ser combatida. Tarcísio enfatizou que uma abordagem firme contra o crime não deve ser confundida com a permissão para desrespeitar regras ou transgredir a disciplina.
“Quando a gente começa a ver reiterados descumprimentos desses procedimentos, a gente vê que há de fato transgressão disciplinar, falta de treinamento”, declarou.
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Casos recentes de violência policial
A decisão de Tarcísio de reavaliar a postura em relação às câmeras foi influenciada por uma série de episódios recentes que geraram grande repercussão pública. Um dos casos mais chocantes foi o de um homem sendo arremessado de uma ponte por um policial militar na Zona Sul de São Paulo, no último domingo (1°).
O soldado foi filmado empurrando o homem da ponte sem motivo aparente. A vítima, que caiu de cabeça de uma altura de três metros, teve ferimentos, mas está se recuperando bem.
Além disso, em novembro, um estudante de medicina foi morto com um tiro à queima-roupa durante uma abordagem policial, e em Barueri, policiais agrediram uma mulher de 63 anos e usaram um golpe proibido em seu filho. Esses incidentes chocaram a sociedade e aumentaram a pressão sobre as autoridades.
Respostas de Tarcísio aos casos de violência
Tarcísio afirmou que tomará medidas rigorosas diante de tais abusos. Ele destacou que, sempre que houver envolvimento de policiais em ocorrências como as de Barueri, os envolvidos serão imediatamente recolhidos à corregedoria e passarão por um processo de reciclagem, incluindo treinamentos específicos e a divulgação dos procedimentos operacionais.
Além disso, o governador anunciou que, devido ao aumento significativo de mortes causadas por policiais militares no estado — que, segundo dados do Ministério Público, aumentaram 46% até novembro de 2024 —, serão realizados novos processos de reciclagem em todo o efetivo da polícia.
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