
Fábio Luis Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, está envolvido em mais uma investigação. Ele, ao lado de Fernando Bittar, Kalil Bittar e Jonas Suassuna, é um dos controladores da Gamecorp/Gol, que recebeu repasses financeiros suspeitos de empresas do grupo Oi/Telemar. A operação que vai aprofundar a investigação de tais pagamentos faz parte da 69ª fase da Lava Jato.
Ao todo, segundo reportagem da VEJA, 47 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e no Distrito Federal foram autorizados pela 13ª Vara Federal de Curitiba. A operação investiga crimes de corrupção ativa e passiva, tráfico de influência internacional, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Não há ordens de prisão.
Não é primeira vez
Um aporte de 5 milhões de reais da Telemar na empresa de Fabio Luis, a Gamecorp, já foi investigada em inquérito. Em outro processo, foi apurado um suposto tráfico de influência para autorizar a compra da Brasil Telecom pela companhia telefônica. Ambas foram foram arquivadas em 2012 por falta de provas.
Em 2006, a VEJA publicou uma matéria que revelava a ascensão do filho do ex-presidente durante o o governo Lula. Em 14 meses, ele passou de monitor do Zoológico de São Paulo a sócio da maior empresa de telefonia do Brasil naquela ocasião — que contava com dinheiro público na composição de seu capital.
Pagamentos suspeitos
As apurações preliminares indicam pagamentos superiores a 132 milhões de reais, realizados entre 2004 e 2016 “sem justificativa econômica plausível”.
Além disso, a relação entre empresas levanta suspeitas. O grupo Oi/Telemar teria sido beneficiado em decisões no setor de telecomunicações, entre elas a autorização do ex-presidente Lula por meio de decreto, que permitiu que a Oi/Telemar comprasse a Brasil Telecom.
“Mensagens apreendidas no curso das investigações também denotam que o grupo Oi/Telemar foi beneficiado pela nomeação de conselheiro da Anatel”, diz.
De acordo com Ministério Público Federal (MPF), provas documentais colhidas, como contratos e notas fiscais, além de dados extraídos a partir do afastamento dos sigilos bancário e fiscal dos investigados, indicam que as empresas do grupo Oi/Telemar investiram e contrataram o grupo Gamecorp/Gol sem a cotação de preços com outros fornecedores e realizaram, inclusive, pagamentos acima dos valores contratados.
“Evidências apontam que José Dirceu também participou ativamente de interlocuções em favor do grupo Oi/Telemar com o Governo Federal”, diz.
Além disso, e-mails e trocas de mensagens eletrônicas, já reunidas pela PF, sugerem que há ilegalidade nos pagamentos.
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