
O Brasil deu um passo decisivo rumo à soberania energética e mineral. Durante reunião da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), o Senado Federal consolidou a criação da Frente Parlamentar em Defesa das Terras Raras Brasileiras, sob relatoria do senador Hamilton Mourão (Republicanos–RS). A decisão foi confirmada pelo Plenário no mesmo dia, marcando um avanço histórico para a política mineral do país.
A iniciativa tem como meta articular políticas públicas e parcerias que viabilizem a exploração sustentável e a industrialização dos Elementos de Terras Raras (ETRs) — minerais essenciais para setores estratégicos como energia limpa, mobilidade elétrica, saúde, defesa e tecnologia digital.
Apoio técnico e ciência a serviço da política
Entre os especialistas convidados para assessorar a Frente está o professor Dr. Nélio Fernando dos Reis. Nascido em Jundiaí e docente do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), é autor do livro “Terras Raras, Poder e Independência: o Brasil entre a Guerra Tecnológica e a Soberania Energética”. O Doutor também integra o Centro de Estudos Estratégicos da Iniciativa DEX (CEEDEX), think tank criado por generais da reserva do Exército.
“Ver a ciência e a política caminhando juntas na criação da Frente Parlamentar é motivo de orgulho. Trata-se de um passo histórico para transformar nossas riquezas minerais em energia limpa, inovação tecnológica, empregos de qualidade e protagonismo internacional”, afirmou.
Contexto geopolítico
O tema ganhou destaque global após a guerra comercial entre EUA e China em 2019, que expôs a dependência do Ocidente em relação ao monopólio chinês na produção de terras raras. O conflito entre Rússia e Ucrânia e as tensões no Oriente Médio reforçaram ainda mais a importância desses recursos para sistemas de defesa, comunicação e energia.
Nesse cenário, países com reservas estratégicas assumem papel decisivo na balança global de poder. O Brasil, que figura entre os líderes em reservas de terras raras e urânio, pode se consolidar como ator independente e confiável.
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Impacto econômico e oportunidades
Estudos indicam que a industrialização da cadeia de terras raras pode acrescentar até R$ 243 bilhões ao PIB brasileiro ao longo dos próximos 25 anos. Apenas na produção de ímãs permanentes — fundamentais para turbinas eólicas, veículos elétricos e equipamentos militares — já foram investidos R$ 73 milhões.
Um dos principais exemplos é o projeto da Serra Verde, em Goiás, que soma mais de US$ 170 milhões em investimentos, com capacidade de produzir 5 mil toneladas anuais de óxidos de terras raras.
Energia nuclear como pilar estratégico
Além dos ETRs, o Brasil detém o 7º maior potencial de urânio do mundo e domínio completo do ciclo do combustível nuclear. Hoje, a energia nuclear responde por 10% da eletricidade mundial, com protagonismo de países como França, EUA, Rússia e China.
A expansão dessa matriz no Brasil pode gerar milhares de empregos altamente qualificados e reforçar a soberania energética nacional.
Benefícios em diferentes esferas
A criação da Frente Parlamentar deve impactar positivamente diversas regiões. No Brasil, fortalece a soberania, geração de empregos de qualidade e liderança na transição verde. Em São Paulo, o aproveitamento do maior parque industrial e científico da América Latina para transformar minerais estratégicos em produtos de alto valor agregado.
Além disso, consolida Jundiaí como polo de inovação, com potencial para atrair empresas de base tecnológica e ampliar a vocação regional para indústria e serviços de alto nível.