Jair Bolsonaro ao lado de Silas Malafaia em ato com camisa da seleção e pedido de anistia
Jair Bolsonaro e Silas Malafaia participam de ato público com apelo por anistia, vestindo camisetas temáticas - Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Ex-presidente e Eduardo Bolsonaro são acusados de tentar obstruir investigação, incluindo articulações com o governo Trump

A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por coação no curso da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado. A decisão consta de um relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (20).

O documento aponta que os dois atuaram para atrapalhar o andamento das investigações, inclusive com movimentações no exterior, junto ao ex-presidente norte-americano Donald Trump. A estratégia, segundo a PF, visava desestabilizar instituições democráticas como o STF e o Congresso Nacional.

Indícios de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito

A investigação da PF também detectou indícios de que Jair e Eduardo Bolsonaro teriam cometido tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Conforme o relatório, as ações da dupla miravam diretamente autoridades do STF, com objetivo de evitar uma condenação do ex-presidente.

Mensagens extraídas de um celular apreendido com Jair Bolsonaro revelam intensa propagação de conteúdo nas redes sociais, contrariando medidas cautelares anteriores. As conversas incluíam trocas com o pastor Silas Malafaia e Eduardo Bolsonaro, com sugestões de postagens e estratégias para influenciar a opinião pública.

Interferências e pressões internacionais

Entre as mensagens analisadas pela PF, está uma de Eduardo Bolsonaro sugerindo que o verdadeiro objetivo das ações era garantir impunidade para Jair Bolsonaro, e não uma anistia geral. Em outro trecho, o deputado destaca a importância de agradecimentos públicos a Donald Trump pelas sanções impostas ao Brasil.

A PF destacou que Eduardo passou a se comunicar com o público internacional em inglês, numa tentativa de coagir autoridades brasileiras e influenciar o andamento do processo AP 2668/DF.

Jair Bolsonaro em prisão domiciliar

O ex-presidente Jair Bolsonaro encontra-se em prisão domiciliar por decisão do ministro Alexandre de Moraes. A medida foi adotada após a constatação de tentativas de coação durante o processo. A ação que investiga o golpe de Estado já resultou na abertura de processo penal, com julgamento previsto para 2 de setembro.

Tentativa de asilo na Argentina

Durante as apurações, a PF encontrou no celular de Bolsonaro um rascunho de pedido de asilo político à Argentina. O documento, endereçado ao presidente Javier Milei, argumenta que Bolsonaro é perseguido politicamente e solicita urgência no acolhimento.

A descoberta reforça a tese de que, desde fevereiro de 2024, Bolsonaro planejava fugir do país para escapar de responsabilização judicial.

Ações contra Silas Malafaia

Na mesma data, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão contra o pastor Silas Malafaia. Foram coletados materiais e um celular com mensagens que, segundo os investigadores, mostram a participação dele na tentativa de coagir autoridades. Apesar disso, Malafaia não foi indiciado até o momento.