
Em Jundiaí, um grupo formado por adolescentes de 12 a 17 anos já sabe, na prática, como funciona o trabalho de um vereador. Eles fazem parte do Parlamento Jovem e, embora novos, já propõem projetos de lei e têm seu lugar de fala no município.
O Parlamento Jovem é um projeto antigo, mas que só saiu do papel em 2017, quando uma comissão na Câmara foi montada para desenhar todos os detalhes. “O objetivo era de estimular a participação coletiva dos jovens, trazer suas demandas e expressões. Então, nos reunimos para escrever o regimento interno do Parlamento”, conta Lucas Marques Lusvarghi, membro da Comissão do Parlamento Jovem.
Lucas conta que, antes de formar o grupo, era preciso que os jovens soubessem sobre o projeto e entendessem, basicamente, como funciona a legislação municipal. Então, a Comissão partiu para o trabalho de campo. “Entramos em contato com as escolas estaduais e particulares da cidade com a proposta de realizar rodas de conversa. Nas que nos abriram as portas, tivemos um bate-papo franco”, explica Lucas.
Ao iniciar a conversa, os alunos deveriam responder o que eles entendiam por política – e as principais respostas dizem muito sobre como a juventude tem visto esse cenário atual. “Eles associam política à corrupção, à roubalheira. Infelizmente, isso também faz parte, mas passamos a eles que o fato de nos reunirmos para conversarmos sobre o tema já era fazer política”, acrescenta.
Cada escola pôde, depois desse bate-papo inicial, indicar até cinco alunos para compor o Parlamento Jovem e, é a partir daí, que os adolescentes passam a vivenciar a rotina de um vereador. Aprendem a discursar, fazer campanha, propõem um projeto de lei para o município e passam por uma votação. Nesse momento, os 19 parlamentares mirins que representarão a juventude jundiaiense na Câmara Municipal por dois anos já estão eleitos.
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Dara Liberato (17), aluna do colégio Domus Sapiens, faz parte, pela segunda vez, do Parlamento Jovem. Ela participou na legislatura 2018/2019 e, mais recentemente, se reelegeu para o mandato 2019/2020.
A garota defende que os jovens precisam ocupar seus lugares de fala política. “É a única forma de termos novas ideias na política, porque novas ideias só vem de novas cabeças. Não tem como a gente querer algo diferente, fazendo tudo igual”, explica.
Lucas Marques acrescenta que esse é, de fato, o objetivo do Parlamento Jovem. “A intenção é criar novos líderes para a cidade”, fala. Ele conta que o projeto é dividido, principalmente, em duas fases.
O primeiro ano é voltado para a formação da legislatura, e o segundo para o exercício do mandato simulado, com a preposição de projetos de lei que podem, se aprovados pelo parecer jurídico e pela Comissão de Participação Legislativa, serem abraçados por algum vereador da Casa.
“É importante que os jovens saibam que política não é corrupção. A política é a construção da cidade”, defende Lucas. Dara também não economiza palavras ao assegurar a importância do projeto. “Jundiaí está renovando a sua cara com jovens que querem fazer a diferença e querem fazer a diferença com política de verdade”, conclui.