(Foto: Carolina Antunes/PR)
(Foto: Carolina Antunes/PR)

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou em reunião com prefeitos que, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, repassa verbas para municípios indicados por dois pastores. O áudio da reunião foi obtido pelo jornal “Folha de S.Paulo”, nesta segunda-feira (21). Os pastores a que o ministro se refere no áudio são Gilmar Santos e Arilton Moura, que mesmo não tendo cargo no governo, participaram de várias reuniões com autoridades nos últimos anos.

Gilmar Santos é presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil Cristo Para Todos (Conimadb). Arilton Moura também é da Assembleia de Deus. “Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, disse o ministro, segundo o áudio revelado pelo jornal. “Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, complementou Ribeiro.

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O g1 procurou o Ministério da Educação, que não informou as circunstâncias em que o áudio foi gravado, como data e local, mas afirmou que deve divulgar uma nota sobre o assunto.

Desde que foi eleito, o presidente Jair Bolsonaro tem procurado estreitar relações com igrejas evangélicas. No último dia 8, com a presença de 24 pastores de igrejas evangélicas, ele promoveu um ato político de apoio ao governo na residência oficial do Palácio da Alvorada.

Segundo a reportagem da “Folha de S.Paulo”, os recursos que Ribeiro dirige aos municípios indicados pelos pastores são do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Nesta terça (22), a oposição apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) notícia-crime contra o presidente Jair Bolsonaro e Milton Ribeiro por suposto favorecimento indevido a pastores. “O Ministério da Educação não pode ser utilizado como instrumento de propaganda ideológica do governo federal, muito menos como um local para troca de favores e agrados a aliados do presidente da República”, afirma o pedido da oposição.