Nikolas Ferreira faz discurso transfóbico na Câmara no Dia da Mulher
Foto: Reprodução/Câmara dos Deputados

Nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) criou uma nova polêmica ao fazer um discurso transfóbico durante sessão na Câmara dos Deputados.

Nikolas foi até a tribuna da casa, colocou uma peruca loira e disse que hoje “se sente mulher”. Além disso, o deputado se chamou de “deputada Nicole” e disse que teria lugar de fala. Em seu discurso, Nikolas afirmou que as mulheres estão “perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres”. “Para vocês terem ideia do perigo que é isso, eles estão querendo colocar a imposição de uma realidade que não é a realidade”, disse Nikolas.

De acordo com o deputado, ele não estava defendendo apenas suas convicções, mas defendia o direito de “um pai não querer que um marmanjo de dois metros de altura entre no banheiro da filha sem ser considerado um transfóbico”. Em seguida, o deputado mineiro tirou a peruca e, tirando sarro, disse ser gênero fluido.

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Além disso, Nikolas declarou que mulheres não devem nada ao feminismo e que o movimento “exalta mulheres que nunca fizeram nada pelas mulheres”. Na realidade, o feminismo defende a igualdade de gêneros. Ao final do discurso, ele elogiou, com falas machistas, as mulheres que têm filhos e formam famílias.

“Mulheres, retomem sua feminilidade, tenham filhos, amem a maternidade, formem sua família. Dessa forma, vocês colocarão luz no mundo e serão, com certeza, mulheres valorosas.” Após sua fala, parlamentares presentes na Câmara aplaudiram o deputado.

Transfobia é crime

No Brasil, transfobia é crime e pode levar à pena de até três anos de prisão. Desde fevereiro, Nikolas já responde por uma denúncia de injúria racial após chamar a deputada Duda Salabert (PDT-MG), uma mulher trans, de “ele”.

“Ele é homem. É isso o que está na certidão dele, independentemente do que ele acha que é”, disse o deputado em dezembro de 2020, durante entrevista. Na época, Ferreira e Salabert eram vereadores de Belo Horizonte.

No Brasil, 131 pessoas trans e travestis foram assassinadas em 2022. O país teve o maior número de mortes de trans e travestis do mundo pelo 14º ano consecutivo.