A pesquisa Atlas, divulgada neste domingo (24), mostrou que cerca de 53% dos brasileiros apoiam o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Os dados do estudo aparecem justamente no dia em que carreatas aconteceram em capitais do Brasil, pedindo a destituição do presidente.
Assim, em meio ao crescimento nos números da pandemia e a crise de oxigênio em Manaus, o tema “impeachment” volta a rondar Brasília. O apoio ao fim do governo Bolsonaro se espalha por todas as regiões do país, mas tem mais força entre as mulheres e nos estados do Nordeste.
Desde maio, o índice atual de apoio ao impeachment é o mais alto. Na ocasião, em 2020, a aprovação alcançou 58% na série histórica medida pela Atlas.
“Nós acompanhamos de perto esse número e há volatilidade, mas parece haver uma estabilidade desse patamar mais alto de apoio ao impeachment”, analisa Andrei Roman, CEO do Atlas. De acordo com a empresa, o levantamento tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos e as entrevistas da pesquisa encerraram neste domingo.
“53% é um limite ainda muito perto entre ter maioria ou não ter maioria. Se esse número chegar a 60%, aí podemos falar de uma maioria contundente que coloca pressão sobre o Congresso como foi com Dilma Rousseff”, completa Roman.
Decisão
A princípio, a responsabilidade de levar os pedidos de impeachment para análise é do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia. No entanto, até o momento ele diz que não irá fazê-lo. No dia 1º de fevereiro, a Câmara elegerá seu novo presidente, e os dois nomes principais para assumir são: Baleia Rossi (MDB), que é apoiado por Maia e pela oposição; e Arthur Lira (PP), apoiado pelo movimento bolsonarista.
Até então, nenhum dos candidatos havia se comprometido a analisar os pedidos de impeachment. Isso torna o fator de opinião pública ainda mais crucial na decisão. Mas, neste domingo, Rossi citou o tema, e ainda cobrou o adversário, através do Twitter.
“O compromisso é cumprir a Constituição. Como presidente, não abrirei mão de minhas funções. Analisarei com equilíbrio os pedidos de impeachment. Por quê? Arthur Lira engavetaria sem cumprir seu papel com independência? Existe algo combinado entre o Planalto e Lira neste sentido?”, publicou.
Aprovação do governo Bolsonaro
Nos próximos dias, a pesquisa Atlas deve divulgar a aprovação dos presidente Bolsonaro e os cenários para as eleições presidenciais de 2022. A empresa também mostra três pilares de resiliência do bolsonarismo neste momento: os mais pobres; os homens; e os evangélicos.
Dessa forma, se na população geral o apoio ao impeachment é de 53%, entre os evangélicos o número cai para 35%. Entre os homens, o índice é de 43%, contra 64% do apoio das mulheres à destituição. “É ali nos evangélicos que o bolsonarismo é mais resiliente, porque se combinam vários fatores, sociais, culturais”, analisa Roman.
Além disso, os números também mostram como Bolsonaro perdeu uma porcentagem do apoio dos ricos – essenciais para sua vitória em 2018. Para as pessoas com renda acima de R$ 10 mil, o apoio ao impeachment do presidente chegou a 63%.
“Quando os mais ricos aderem ao impeachment, é natural que o tema ganhe mais proeminência porque eles têm mais influência na mídia, no setor produtivo”, afirma Roman. Uma das perguntas mais pertinentes nas próximas semanas é em qual velocidade a “fatia mais pobre” do bolsonarismo irá se converter contra o governo atual, após o fim do auxílio emergencial, que terminou em dezembro.
A pesquisa Atlas aconteceu entre 20 e 24 de janeiro, e teve 3.073 entrevistas realizadas através de questionários aleatórios via internet. As respostas são calibradas por um algoritmo, de acordo com as características da população do Brasil. Confira os números da pesquisa na íntegra.