Deputado Eduardo Bolsonaro fala com a imprensa, cercado por celulares que gravam sua declaração.
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma denúncia contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação em processo judicial. A acusação também envolve o produtor de conteúdo Paulo Figueiredo, aliado da família Bolsonaro, apontado como parceiro do parlamentar em articulações feitas nos Estados Unidos.

De acordo com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, Eduardo buscou, junto ao governo Donald Trump, a imposição de sanções e tarifas contra o Brasil e contra ministros do Judiciário, em represália ao julgamento do processo do golpe de Estado, no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão.

Acusações contra Eduardo e Figueiredo

A PGR afirma que a estratégia dos denunciados consistiu em intimidar ministros do STF com a ameaça de sanções estrangeiras, aproveitando conexões no alto escalão do governo norte-americano. Para Gonet, Eduardo e Figueiredo divulgaram amplamente os riscos econômicos das sanções e se mostraram capazes de efetivá-las, caso o Supremo não liberasse os acusados do processo do golpe.

Ainda segundo o procurador-geral, os dois chegaram a assumir publicamente que tiveram papel determinante na adoção dessas medidas pelo governo norte-americano.

Entre os episódios citados na denúncia estão:

  • Suspensão de vistos: em 18 de julho de 2025, os EUA suspenderam os vistos de oito ministros do STF. Eduardo agradeceu ao governo norte-americano nas redes sociais e afirmou que mais medidas estavam por vir. Paulo Figueiredo classificou o ato como o início de uma escalada.
  • Tarifas econômicas: em 9 de julho de 2025, o governo dos EUA impôs tarifas de 50% sobre exportações brasileiras, apelidadas de “Tarifa-Moraes”. O MPF aponta que essa decisão trouxe perdas de receita, impacto negativo no PIB e aumento do desemprego.
  • Lei Magnitsky: em 30 de julho de 2025, o ministro Alexandre de Moraes foi alvo da sanção, que bloqueou bens e proibiu transações financeiras nos EUA. Eduardo e Figueiredo, segundo a PGR, usaram a medida como aviso a outros ministros.

[tdj-leia-tambem]

Provas do MPF

Mensagens de celular apreendidas no aparelho de Jair Bolsonaro reforçam a denúncia. Em uma delas, o ex-presidente relatava ao filho que ministros do STF demonstravam preocupação com as sanções.

A investigação também indica que Eduardo teria atuado para manter sob seu controle e de Paulo Figueiredo o acesso a autoridades dos Estados Unidos, com o objetivo de ampliar a pressão sobre o Supremo. Para o Ministério Público, a conduta visava colocar os interesses da família Bolsonaro acima das normas legais e do devido processo judicial.

Defesa dos acusados

Em nota publicada pelo g1, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo negaram ter cometido crimes e declararam:

“Vivemos nos Estados Unidos, sob a jurisdição, portanto, da Constituição americana, que na sua Primeira Emenda garante o direito de ‘to petition the Government for a redress of grievances’ (peticionar ao Governo para corrigir abusos e injustiças). E é exatamente isso que estamos fazendo — e continuaremos a fazer.”

Próximos passos

A denúncia será analisada pelo STF, que decidirá se aceita ou não a ação. Se aceita, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo se tornarão réus em processo penal.

A PGR também pediu que o Supremo comunique o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para avaliação disciplinar, ressaltando que Eduardo vem utilizando a função de liderança de bancada como justificativa para permanecer no exterior.

O Ministério Público pede a condenação dos acusados por coação no curso do processo, em forma continuada, além da reparação dos danos causados. Para a PGR, o crime ficou configurado pelo simples ato de ameaça, independentemente de ministros terem cedido ou não à pressão.

📝 Participe do nosso grupo exclusivo de vagas de empregos e receba diariamente as novidades direto no seu WhatsApp! Acesse e faça parte da nossa comunidade 👉 https://bit.ly/Tribuna-de-Jundiaí-Emprego-4