Jair Bolsonaro
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

Na quinta-feira (18), o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender a indicação do seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para a embaixada brasileira em Washington, nos Estados Unidos, e disse que, se quisesse, poderia indica-lo até para ser ministro das Relações Exteriores.

“Eu posso chegar hoje e falar: Ernesto Araújo (atual ministro) está fora, o Eduardo Bolsonaro vai ser ministro das Relações Exteriores. Ele vai ter sob meu comando mais de uma centena de embaixadas no mundo todo”, afirmou.

O presidente ainda citou o exemplo para justificar indicações políticas não são proibidas na administração pública, incluindo para embaixadas.

“Você tem de ver o seguinte: é legal? É. Tem algum impedimento? Não tem impedimento. Atende ao interesse público, qual o grande papel do embaixador? Não é o bom relacionamento com o chefe de Estado daquele outro país? Atende isso? Atende. É simples o negócio”, disse ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã de quinta.

Já na tarde de ontem, durante transmissão ao vivo feita em rede social, Bolsonaro rebateu acusações de oposicionistas e até de apoiadores de favorecimento. “Pretendo beneficiar filho meu, sim. Se eu puder dar um filé mignon ‘pro’ meu filho, eu dou, mas não tem nada a ver com filé mignon essa história aí. É aprofundar o relacionamento com a maior potência do mundo”.

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O nome indicado pelo presidente tem de passar por sabatina no Senado, com integrantes da Comissão de Relações Exteriores e Defesa da Casa, que segundo levantamento do Estadão, estão divididos sobre aceitar ou não a indicação, já que Eduardo não tem uma carreira na área diplomática.

O presidente ainda afirmou que, dentro do quadro das indicações políticas, vários países fazem o mesmo que ele pretende fazer. “É legal fazer no Brasil também”, disse.

Além disso, ele comparou o caso com outros dois que, para ele, também foram motivados por questões políticas, como do ex-deputado Tilden Santiago, do PT, para representação brasileira em Havana, em Cuba, feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; e do diplomata e político Oswaldo Aranha, embaixador nos EUA no governo de Getúlio Vargas.

“O Tilden Santiago não foi reeleito em 2002, foi ser embaixador em Cuba, ninguém falou nada. Sei que lá atrás não tinha Itamaraty, Rio Branco, mas quando Oswaldo Aranha acertou lá nos anos 40 com Israel, era uma indicação política. Tivemos várias indicações políticas”, comparou.

Santiago foi deputado por três mandatos e concorreu a uma vaga no Senado em 2002, mas ficou em terceiro lugar. Ele foi nomeado ao posto de Havana no primeiro mandato do ex-presidente Lula. Depois, chegou a ser suplente na chapa do ex-senador e hoje deputado Aécio Neves (PSDB-MG).

Fonte: Estadão