Imagem de Donald Trump ao lado de foto da cidade de Jundiaí
Foto: Divulgação/Equipe de Transição Donald Trump/Vance | Prefeitura de Jundiaí

A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto gerou reações imediatas em diferentes esferas da política nacional — inclusive em Jundiaí.

O anúncio, feito por meio de carta publicada na rede Truth Social, foi justificado por Trump como uma resposta política à “perseguição” sofrida por Jair Bolsonaro no Brasil. A medida, que pode agravar tensões diplomáticas e afetar diretamente a economia local, também reacendeu o debate sobre a atuação do governo federal na condução das relações exteriores.

Segundo Trump, a ação visa forçar o fim dos julgamentos contra o ex-presidente Bolsonaro e combater o que chamou de “censura” por parte do STF a plataformas digitais americanas. Ainda que o argumento formal mencione desequilíbrio comercial, dados mostram que os EUA têm superávit com o Brasil desde 2009, somando US$ 7,4 bilhões em 2024.

Impacto direto na economia de Jundiaí

Em Jundiaí, a notícia foi recebida com alarme por autoridades locais, especialmente por conta da força exportadora da cidade. O vice-prefeito Ricardo Benassi alertou sobre os efeitos imediatos da nova tarifa:

 
 
 
 
 
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Uma publicação compartilhada por Ricardo Benassi (@ricardobenassi)

“Jundiaí exportou em 2024 perto de 1 bilhão de reais, sendo 25% deste total aos EUA. Isso não é só um problema diplomático. É um problema econômico, local e urgente. Significa menos pedidos, menos produção, menos empregos e menos arrecadação. O impacto é gigante. O Governo precisa abrir uma negociação urgente!”

A preocupação é compartilhada por outros representantes políticos, como o vereador Leandro Basson, que responsabilizou a falta de articulação do governo federal:

“Jundiaí exporta milhões em produtos para os EUA todos os anos. Com a nova taxação de 50%, nossa cidade será duramente afetada. E onde está o governo federal? Faltou articulação, diálogo e trabalho. A esquerda falhou. Jundiaí vai pagar a conta.”

Divisão política: entre críticas à esquerda e acusações à direita

A decisão de Trump também intensificou o embate ideológico entre lideranças locais. O ex-prefeito Luiz Fernando Machado responsabilizou o governo Lula pela crise:

“Mais uma vez o governo do PT erra em não dialogar com um dos nossos principais parceiros econômicos, deixando a economia do País em uma situação extremamente preocupante.”

No mesmo tom, os vereadores Madson Henrique e Rodrigo Albino publicaram vídeos nas redes sociais com críticas diretas ao presidente Lula. Albino destacou os impactos em setores produtivos e relações comerciais, enquanto Madson resumiu: “A culpa é do Lula!”

Já a ala mais crítica à direita atribuiu a origem da crise ao bolsonarismo. O vereador Henrique Parra, por exemplo, acusou diretamente Eduardo Bolsonaro de articular a retaliação americana:

“Trump declarou que vai taxar em 50% todos os produtos brasileiros, prejudicando empregos, empresas e a economia. Na carta em que explica os “motivos”, diz que um deles seria a perseguição ao Jair. A família Bolsonaro mandou o Eduardo para prejudicar a economia do Brasil por simples egoísmo político partidário. Traidores da pátria!”

Em outra publicação, escreveu:

“ASSUME QUE O FILHO É TEU – parte da extrema direita agora quer culpar a esquerda pela taxa de 50% feita pelo TRUMP (ídolo da extrema direita) aos produtos brasileiros. Vamos aos fatos: a diplomacia brasileira havia conseguido taxa de apenas 10%, uma das menores impostas pelos EUA. Quem viajou para lá e convenceu Trump a retaliar foi Eduardo Bolsonaro, como forma de apoiar o bandido do seu pai. Até o momento nenhum político do PL assumiu o erro, criticou Trump ou pediu que ele volte atrás. Culpados traidores da pátria”

Ele também participou de uma manifestação na Avenida Paulista, classificando como “traição à pátria” qualquer tentativa de prejudicar a economia nacional por interesses políticos. Em sua publicação nas redes, escreveu: “Quem trama para prejudicar o Brasil é traidor da pátria! Vão sacrificar a economia nacional para fazer chantagem e escapar da prisão? A máscara caiu!”

Chamado à união e defesa da soberania

Diante da polarização, o vereador Edicarlos Vieira fez um apelo por união nacional:

Ver no Threads

“Não é sobre governos — é sobre o Brasil! Com a tarifa de 50% anunciada pelos EUA, o Brasil precisa se unir para proteger nossa soberania, fortalecer a diversificação de mercados e responder com reciprocidade técnica e legal.”

Reações nacionais e cenário futuro

No plano federal, o governo brasileiro reagiu com firmeza. O Itamaraty convocou o encarregado da Embaixada dos EUA para prestar esclarecimentos, enquanto o presidente Lula reafirmou a soberania nacional. O vice-presidente Geraldo Alckmin criticou a tarifa por “falta de base técnica”, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que o Brasil não gera prejuízos aos EUA.

No mercado, a tensão se refletiu de forma imediata: o Ibovespa registrou queda acentuada, e o dólar ultrapassou R$ 5,50. Especialistas alertam para riscos de escalada comercial, que podem prejudicar não apenas a economia brasileira, mas também a estabilidade nas relações diplomáticas entre os dois países.

Com a entrada em vigor da tarifa se aproximando, resta saber se haverá tempo — e vontade política — para uma reversão diplomática ou mitigação dos danos econômicos, especialmente para cidades exportadoras como Jundiaí.