O ministro Cristiano Zanin, último a se manifestar no julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) liderou uma organização criminosa com funções bem delimitadas e participação direta de militares das Forças Armadas, com o objetivo de promover um golpe de Estado.
Segundo Zanin, a punição aos envolvidos é imprescindível: “elemento fundamental para a pacificação nacional e a consolidação do Estado democrático de Direito”.
Recado contra a anistia
Ao justificar seu voto, o ministro citou exemplos históricos, como o golpe de 1937, reforçando a necessidade de responsabilizar quem atenta contra a Constituição. A fala foi interpretada como um recado a setores que defendem anistia aos condenados, caso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Tarcísio já declarou que, como o Brasil concedeu anistias em outros momentos, não seria uma “heresia” cogitar um novo perdão judicial.
Organização criminosa para manter o poder
Zanin destacou que Bolsonaro, com o apoio dos demais condenados, montou uma organização criminosa para tentar se manter no poder mesmo após a derrota nas urnas eletrônicas.
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De perfil discreto, o ministro já havia sinalizado sua posição durante o voto da ministra Cármen Lúcia, quando fez um comentário paralelo: segundo ele, a prova da tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito ocorreu já em 7 de setembro de 2021, quando Bolsonaro incitou ataques contra o STF e contra o ministro Alexandre de Moraes em ato na Avenida Paulista.
Cármen Lúcia reforça posição
Durante a leitura do voto de Zanin, a ministra Cármen Lúcia também pediu a palavra e afirmou: “Se, no golpismo, quem atenta ao Estado democrático de Direito não é condenado, incentivam-se novas tentativas”.
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