
Os pacientes dos hospitais do Rio Grande do Sul estão sofrendo com a suspensão da produção de remédios utilizados no diagnóstico e no tratamento de câncer alerta. Na segunda-feira (20), o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) paralisou a fabricação de radiofármacos e radioisótopos por tempo indeterminado em razão da falta de verba.
O órgão é vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que liberou R$ 19 milhões para que o IPEN mantenha a operação. Contudo, a verba corresponde a 21% dos R$ 89,7 milhões necessários para que o instituto continue sua produção até o fim do ano. A pasta afirma que o ingresso de recursos depende de aprovação no Congresso.
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No Instituto do Cérebro (InsCer), mantido pela PUCRS, de 65 a 70 pacientes com câncer já são afetados pela falta de tecnécio, elemento químico utilizado para exames diagnósticos. O médico Diego Pianta, que atua na unidade, afirma que a medicina nuclear depende do insumo. “Se a gente não tem o tecnécio, a gente para a medicina nuclear no Brasil. Tudo depende de tecnécio”, alerta.
Pianta ainda explica que não é possível armazenar o isótopo em razão de sua meia-vida, que é o tempo necessário para que metade dos átomos de um isótopo radioativo se desintegre. “A gente tem certeza que, a partir do dia 27, não tem mais material radioativo chegando. Do tecnécio, a meia-vida é de seis horas, ou seja, a cada seis horas, metade dele desaparece”, comenta.
A falta do insumo não afeta apenas pacientes com câncer, explica o médico do InsCer. O exame de cintilografia, uma técnica de diagnóstico por imagem, também é feito em pacientes com problemas cardíacos, renais e pulmonares, inclusive embolias provocadas pela Covid-19. Além disso, o instituto relata preocupação com os estoques de iodo, lutécio e MIBG.