Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

Com apenas 8 anos, o menino Gladson Garcia Silva, escreveu sua cartinha de pedidos para o Papai Noel de um leito no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no começo de dezembro de 2021. Entre seus desejos estava um coração novo, e alguns dias depois, o pequeno, que sofria de uma miocardiopatia, recebeu um novo coração, sendo esse o primeiro transplante cardíaco infantil realizado pelo hospital em que ele estava internado.

O procedimento também foi o primeiro feito por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), uma aliança entre seis hospitais de referência no Brasil e o Ministério da Saúde.

O diagnóstico da doença chegou apenas dois meses antes da cirurgia. “Descobri da pior forma possível, meu filho podia ter morrido dentro de casa”, contou a mãe de Gladson, Ana Camila da Silva, de 31 anos, ao g1. Segundo ela, os primeiros sintomas eram semelhantes a uma virose, com vômitos e dor de barriga, e que não passavam.

No começo de outubro, quando o filho começou a passar mal, Ana o levou para uma unidade de saúde de São Mateus, cidade do Espírito Santo onde a família mora. Após uma saga por emergências, insistência da mãe por exames e atendimentos, e uma transferência para um hospital de Vitória, veio o diagnóstico: a miocardiopatia não tinha cura. Apenas um transplante salvaria a criança. Esta é uma condição na qual o coração desenvolve um tamanho maior do que o comum para a idade. No caso de Gladson, não foi um problema congênito (que nasceu com ele), mas desenvolvido em algum momento da vida.

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Em novembro, o menino foi transferido de UTI móvel de Vitória para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e ficou à espera de um novo órgão. “Normalmente o transplante cardíaco infantil é uma via final de qualquer tipo de tratamento”, disse o cardiologista do Einstein, Gustavo Foronda. “O que a gente tem realmente dificuldade no transplante cardíaco infantil são os doadores, em conseguir o órgão. Culturalmente, uma criança doar um órgão é emocionalmente difícil para a família que acabou de perder o filho, ter essa ideia de doar”, completa.

Na semana passada, em 10 de janeiro, Gladson teve alta médica. Como o acompanhamento médico ainda é semanal, ele e a mãe ainda não têm data para voltar ao Espírito Santo, e estão na Casa do Coração, uma associação de assistência a crianças e adolescentes cardíacos e transplantados. “Agora ele está doidinho para andar por São Paulo inteiro, quer ir no zoológico, quer ir ao shopping. Passear mesmo, quer ir à praia. E quer muito ver os irmãos”, contou a mãe. Gladson tem três irmãos menores que estão no Espírito Santo com o pai e a avó.

Segundo a Central de Transplantes do Estado de São Paulo, atualmente, no estado, há 157 pessoas na lista de espera por um coração, sendo 23 de pacientes menores de 18 anos. A central reforça que doar órgãos e tecidos é fundamental para ajudar a salvar vidas.