Baixa vacinação contra pólio no Brasil acendem alerta para risco da doença já erradicada no país

A poliomielite ressurgiu em Israel e teve uma nova cepa registrada no Malaui, no sudeste da África, e, por mais que esses dados não devessem ser motivo de preocupação para o Brasil, onde o último caso de pólio foi detectado em 1989 e que tem certificado de erradicação desde 1994, o país tem, na verdade, “alto risco de reintrodução” da doença. A cobertura vacinal contra a poliomielite foi de 96,55% em 2012 para 67,71% em 2021, consideradas as primeiras três doses da vacina, que são aplicadas no primeiro ano de vida da criança.

A primeira dose da vacina da pólio é aplicada a partir dos 2 meses de vida, com mais duas doses aos 4 e 6 meses, além do primeiro reforço entre 15 e 18 meses e do segundo reforço entre 4 e 5 anos de idade, segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Considerando todas as doses, a cobertura vacinal era de 96,55% em 2012. Em 2021, caiu para 59,37%. A mais baixa foi a da dose de reforço dada aos 4 anos: apenas 52,51% das crianças receberam essa dose no ano passado, segundo os dados computados no DataSUS até 6 de março.

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Desde 2014, a cobertura vacinal contra a pólio no Brasil está abaixo de 95%, considerada a meta para proteção contra a doença, explica Isabela Ballalai, pediatra e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Para a médica, “o Brasil tem vários fatores de risco para a poliomielite. O mais novo deles é a baixa cobertura vacinal”, afirma.

Para efeito de comparação, em 2012, todas as regiões brasileiras tinham cobertura acima de 90%. A mais baixa naquele período era no Sul, que registrava 94,82% das crianças de até um ano vacinadas com as três primeiras doses necessárias.

Esse cenário foi semelhante em 2013 e 2014. O ano de 2015 foi o primeiro em que uma região – o Norte – não alcançou o índice de 90% das crianças com as três primeiras doses de vacina (com 88,16% de cobertura).