
A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), popularmente conhecida como apneia do sono, é caracterizada pela privação de oxigênio e é mais comum do que se imagina. Os episódios acontecem à noite, durante o sono. De acordo com um estudo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), 32,8% da população da cidade de São Paulo sofre com o distúrbio.
Segundo o médico otorrinolaringologista do Hospital São Vicente de Paulo (HSV), Fabrício Pandini, a apneia do sono se dá por diversos fatores, que colocam em risco a qualidade de vida do portador da síndrome.
Variações da apneia do sono
“Existem duas variações da síndrome: a apneia obstrutiva do sono e a apneia central do sono. A primeira envolve todo trato respiratório, que vai desde o nariz até os pulmões. As vias aéreas ficam bloqueadas, devido ao relaxamento da musculatura da faringe e da base da língua, limitando a quantidade de ar que atinge os pulmões. Desvio de septo nasal, obesidade, uma amigdala muito grande, uma mandíbula pequena e até a posição em que a pessoa dorme são as causas principais. O cérebro está mandando estímulo para você respirar, mas tem alguma coisa entupindo a passagem do ar”, explica o especialista.
Já a segunda está relacionada a alguma incapacidade do sistema neurológico e à saturação de oxigênio no sangue. “Diferente do primeiro tipo, a apneia central do sono ocorre sem obstrução das vias respiratórias, sendo definida pela redução da capacidade de respirar. Nessa condição, os comandos cerebrais não sinalizam os músculos que controlam a respiração. A ausência do ar pode ocorrer de forma intermitente ou em ciclos”, completa.
O sono ocorre em duas fases principais: REM, abreviação de Rapid Eyes Movement – que traduzindo do inglês significa Movimento Rápido dos Olhos – e não REM. A não conclusão do ciclo em seu maior nível, considerado como restaurador, pode causar sofrimento ao portador da apneia do sono.

“Para alcançar o sono reparador, a pessoa precisa completar esse ciclo. Quando o portador da apneia está chegando ao nível 3, nível 4 de sono, onde temos o sono restaurador, ele desperta, interrompendo o momento mais importante do descanso. O pior é que quando a pessoa dorme novamente, o sono retorna ao primeiro nível. Como isso acontece diversas vezes durante a noite, dificilmente o paciente alcança o nível total, o que impacta diretamente nas atividades diárias. Também existe a questão hormonal, já que todos os hormônios que gastamos ao longo do dia são produzidos à noite, quando o cérebro dorme. As consequências são sonolência, irritação, falta de atenção, cansaço inexplicável e descomunal”, conta Dr. Fabricio.
Além dos adultos, crianças também podem ter apneia do sono. Segundo o médico otorrinolaringologista, nos pequenos a síndrome pode gerar deformidades craniofaciais que afetam o desenvolvimento e geram dificuldade de aprendizado. “É fundamental que os pais fiquem atentos aos roncos e episódios noturnos de falta de ar”.
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Como descobrir e tratar a apneia do sono?
Alguns exames estão disponíveis para definir diagnósticos. O principal é a polissonografia, que, com diversos parâmetros, avalia a qualidade do sono e identifica complicações. Durante a noite, enquanto o paciente dorme, são coletados dados para que seja possível diagnosticar distúrbios de sono, como apneia obstrutiva do sono e comportamentos noturnos, como sonambulismo. Também é possível realizar o eletroencefalograma, que registra a atividade elétrica do cérebro.
Para o tratamento, alguns dispositivos são indicados, como o CPAP, por exemplo. Este é um pequeno aparelho de pressão positiva de via aérea, que insere o ar do nariz até os pulmões. “Esses aparelhos possuem algoritmos diferentes para homens e mulheres porque as características biológicas e comportamentais são diferentes. A prevalência da doença é em homens, por consequência da má alimentação, consumo de álcool, entre outros motivos. Mas, independentemente da condição, a terapia será indicada pelo especialista”, conclui o Dr. Pandini.