O uso inadequado de lentes de contato pode resultar em infecções oculares
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Mais de 3 milhões de pessoas utilizam lentes de contato no Brasil, e o crescente número de usuários tem levado a um aumento na incidência de ceratite infecciosa. Esta inflamação da córnea, a lente externa do olho, é especialmente preocupante devido ao clima seco predominante. A baixa umidade contribui para a evaporação acelerada das lágrimas, deixando os usuários mais suscetíveis a infecções oculares.

De acordo com oftalmologistas, a diminuição das lágrimas, combinada com o aumento de poluentes no ar e o atrito causado pelas lentes apoiadas na borda da córnea, torna o uso de lentes de contato cada vez mais desconfortável. Em países tropicais como o Brasil, a ceratite bacteriana é a mais comum, mas também pode ser causada por vírus, fungos e acanthamoeba.

Grupo de risco

No Brasil, o grupo mais vulnerável a infecções oculares são os jovens de 15 a 25 anos. Um levantamento mostrou que essa faixa etária frequentemente adota hábitos pouco seguros em relação às lentes de contato.

Os comportamentos mais preocupantes incluem: não lavar as mãos antes de manusear as lentes, usar lentes durante o banho ou esportes aquáticos e dormir com elas. Além disso, dormir com lentes de contato ou usá-las por mais tempo do que o prescrito reduz a entrega de oxigênio à córnea, aumentando em até dez vezes a probabilidade de ceratite bacteriana e outras infecções oculares.

Esta condição pode levar a úlceras na córnea, cicatrizes que comprometem a acuidade visual e, em casos extremos, até à perda da visão.

Por que o contato das lentes de contato com água pode causar cegueira

Embora uma pessoa possa entrar no chuveiro com lentes de contato sem desenvolver ceratite, isso não garante proteção a longo prazo. Nossa resposta imunológica pode variar e a acanthamoeba spp. possui diferentes cepas com variações na produção de proteases e na capacidade de formar cistos, o que afeta a gravidade da infecção.

Mal uso de lentes de contato pode causar infecções oculares
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Sintomas e tratamento para infecções oculares

A córnea desempenha um papel crucial na refração, representando 60% dessa função. Ela pode ser contaminada por bactérias, vírus, parasitas ou fungos. Os sintomas de infecção incluem:

  • Dor nos olhos
  • Vermelhidão
  • Fotossensibilidade
  • Visão borrada

Especialistas recomendam interromper o uso das lentes de contato ao experimentar qualquer um desses sintomas. O tratamento da ceratite varia conforme o microrganismo causador e deve ser acompanhado por um médico.

Infecções oculares bacterianas são tratadas com colírios antibacterianos, como as fluoroquinolonas, incluindo moxifloxacino. Casos graves podem exigir antibióticos fortificados ou até mesmo cirurgia, como o transplante de córnea, para restaurar a integridade ocular. Infecções por fungos ou amebas podem ser tratadas com colírios antifúngicos ou antiparasitários, muitas vezes combinados com antibióticos.

Infecções oculares virais podem exigir colírios antivirais, como trifluridina ou gel de ganciclovir e, em casos graves, medicamentos orais ou intravenosos como aciclovir.

O uso inadequado de colírios pode mascarar a infecção e levar a sequelas graves ou até cegueira por perfuração do olho, especialmente em casos de ceratite viral ou fúngica. Efeitos colaterais também podem ocorrer, tornando essencial a consulta médica antes de usar qualquer colírio.

Prevenção e manutenção

Para prevenir infecções oculares, a Academia Americana de Oftalmologia recomenda o uso de solução higienizadora de dupla ação com 0,6% de peróxido de hidrogênio tanto na higienização quanto no enxágue das lentes e do estojo, a fim de matar os dois estágios de vida da acanthamoeba.

O peróxido de hidrogênio não deve tocar o olho, pois causa desconforto. Portanto, é essencial enxaguar a lente com uma ampola de soro fisiológico antes de colocá-la nos olhos. Importante notar que o soro não contém conservantes, por isso as lentes devem ser enxaguadas com ampolas para evitar a proliferação de microrganismos.

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