Foto de policial com epis
Policiais estão recebendo EPIs para evitar contaminação (Foto: Divulgação/Polícia Militar)

O número de policiais civis e militares de São Paulo com suspeita de contaminação pelo coronavírus aumentou na última semana e chega a cerca de 600 profissionais afastados em todo o estado.

São funcionários que estão internados ou cumprindo ordens médicas de isolamento por 14 dias. Apenas na Polícia Militar, são cerca de 450 profissionais.

No início da semana passada, quando foram iniciadas medidas mais concretas de proteção da tropa – como a utilização de luvas e máscaras -, era estimado que aproximadamente 10 policiais estavam infectados em todo estado.

No entanto, o quadro se agravou e, segundo reportagem da ‘Folha de S. Paulo, o número deve crescer durante o pico de contágio até o dia 15 de abril. A Polícia Militar está preparada para um afastamento de até 20% da tropa, ou seja, cerca de 17 mil profissionais.

A corporação afirma que, caso a situação agrave, férias e licenças-prêmio serão suspensas para repor o contingente afastado e manter o policiamento normal.

O número de afastados atualmente representa cerca de 0,5% dos cercas de 112 mil policiais civis e militares do Estado de São Paulo, incluindo a Polícia Científica.

Segundo o sociólogo Luís Flávio Sapori, professor da PUC Minas, a polícia de São Paulo não tem alternativa a não ser se proteger como os profissionais de saúde e evitar o exemplo da polícia de Nova York, que teve 10% do efetivo já infectado, quase 5,5 mil profissionais.

Para reduzir o número de afastamentos, a Polícia Militar começou a partir de ontem (2) a fazer exames rápidos para confirmação da doença. Os que não tiverem a doença voltam ao trabalho imediatamente ou ficam afastados por tempo menor.

O coronel da reserva Glauco Carvalho, ex-comandante da PM na capital e doutor em ciência política pela USP, diz que um dos trabalhos do comando é justamente garantir a higidez da tropa.

Ele ainda destaca que a Polícia Militar terá um papel fundamental, em caso de agravamento da crise, pois a corporação deverá auxiliar em socorros, atendimentos de necessitados, descontrole e todos tipos de ocorrências.

O presidente da Associação dos Delegados de São Paulo, Gustavo Mesquita Galvão Bueno, afirma que os policiais civis estão apavorados porque parte do efetivo está no grupo de risco.

Ele ainda diz que as delegacias continuam recebendo gente com mesmo volume de antes. “As pessoas têm que se conscientizar que estão colocando em risco não só os policiais, mas elas próprias”, disse Bueno à ‘Folha de S. Paulo’.

O delegado ainda orienta a população a procurar pela delegacia eletrônica, que registra quase todos crimes pela internet, exceto homicídio, latrocínio (roubo com morte), estupro e violência doméstica.

Médicos legistas

Outro grupo de profissionais com preocupações redobradas são os médicos legistas que, por decreto da Secretaria de Estado da Segurança Pública, estão autorizados desde o final do mês passado a só realizarem necropsia em casos absolutamente necessários.

Segundo o presidente da Associação dos Médicos Legistas do Estado de São Paulo, Celso Domene, a medida de prevenção foi tomada para evitar o possível contágio do coronavírus.

Medidas preventivas

Por nota, a Secretaria de Estado de Segurança informou que todo policial com suspeita ou diagnosticado com Covid-19 está devidamente afastado, conforme orientações do Comitê de Contingência do Coronavírus, além de acompanhar o quadro clínico dos profissionais e prestar todo suporte necessário para recuperação.

A nota ainda afirma que todas medidas necessárias foram tomadas para garantir a proteção de todos os agentes, como aquisição e distribuição de novos EPIs (equipamentos de proteção individual), máscaras e luvas.

Com informações da ‘Folha de S. Paulo’.

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