Mulher esconde o rosto no sofá e segura taça de vinho
Embora o álcool dê sensação de prazer imediato, depois, pode atenuar sintomas depressivos e ansiosos. (Foto: freepik)

Com o distanciamento social e instabilidade da saúde mental pelo isolamento, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira alerta para um perigo à espreita: o aumento do consumo de bebidas alcoólicas.

Apesar de trazer um efeito imediato de relaxamento e euforia, pode causar um agravamento nos quadros de depressão e ansiedade. O médico explica: “o álcool tem esta duplicidade, um efeito agudo rápido que deixa a pessoa mais animada, um efeito poderoso imediato e prazeroso. Mas, infelizmente, o uso regular vai piorar os sintomas de ansiedade e depressão, além de um efeito indesejado com o aumento de doenças gástricas e o risco de uma série de doenças, como o câncer de mama”, destaca o professor titular da Escola Paulista de Medicina.

Para determinar qual a quantidade diária apropriada de ingestão do álcool, Laranjeira informa que não há um consenso científico.

A maioria menciona até um dose para mulher (1 copo de cerveja, 1 taça de vinho, 1 dose de destilado) e até duas para os homens como “quantidade segura”. “Mesmo assim, não há como garantir nenhum efeito colateral no corpo”, alerta.

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O isolamento, apesar de ser obrigatório, precisa da interação.

“O isolamento social do ponto de vista psiquiátrico é a pior coisa que pode acontecer para todos nós. O que naturalmente os psiquiatras falam é que os deprimidos devem evitar o isolamento. Na atual conjuntura, é impossível. E beber pode só piorar a situação”.

Riscos

Para o médico, não está claro se a quarentena vai causar o abuso no consumo das bebidas. Segundo ele, 80% dos brasileiros preferem beber fora de casa, especialmente os jovens, o qual relaciona o álcool à vida social.

“Os jovens devem beber até menos devido ao avanço da pandemia. O cuidado maior deve estar com a faixa etária entre 50 e 60 anos, que também está entre a que mais consome esse tipo de produto”, explica.

Entre 20 a 30% das pessoas que bebem consomem 80% de todo o álcool do Brasil. Estas pessoas compõem o grupo de risco. Eles possuem mais chance de desenvolver, de forma mais rápida, doenças cardiovasculares, hipertensão, doenças gastrointestinais, assim como uma mudança no organismo por completo, principalmente no estômago, fígado e cérebro.

“Pelo menos uma coisa boa precisa ficar desse isolamento: vamos melhorar comportamentos higiênicos, lavar mais as mãos”, encerra Laranjeira.

Com informações do G1.