Fachada do Hospital Albert Einsten
Pesquisa proposta pelo Einsten já apresentou bons resultados com influenza e outras doenças. (Foto: Reprodução/G1)

O Hospital Albert Einstein pediu autorização a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para começar a fazer testes clínicos com plasma de pacientes que já se recuperaram do coronavírus em infectados em estado grave. O Instituto Butantan também estuda a aplicação de plasma como forma de tratamento.

No Einsten, a pesquisa ainda não teve início pois outros protocolos também aguaram o veredito da comissão.

Os pesquisadores acreditam que o plasma (a parte líquida do sangue) de quem já está recuperado da Covid-19 pode conter material que ajude o sistema imunológico de pacientes graves a conter a propagação do vírus.

Segundo o G1, essa forma de tratamento já foi usada com sucesso em surtos de outras infecções respiratórias, incluindo a pandemia do vírus influenza H1N1, que ocorreu entre 2009 e 2010; a epidemia de Síndrome Aguda Respiratória (chamada de Sars-CoV-1), em 2003; e a epidemia de síndrome respiratória do Oriente médio (Mers-CoV), de 2012.

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Alessandro Leal, médico oncologista e pesquisador do Albert Einstein, disse em entrevista ao Fantástico que o soro poderá ser administrado em casos de alto risco como, por exemplo, indivíduos idosos, ou vulneráveis, pacientes com doenças cardiovasculares e até prestadores de cuidados de saúde, com exposição de casos já confirmados de Covid-19.

“Esse é um tratamento promissor, visto que a vacina levará de 12 a 18 meses pra gente obter sucesso”, disse Leal.

Nos Estados Unidos, a agência que regulamenta medicamentos, a Food and Drug Administration (FDA), autorizou o tratamento experimental contra a Covid-19 usando o plasma.

“Embora promissor, o plasma convalescente não demonstrou ser eficaz em todas as doenças estudadas.” De acordo com a FDA, “é importante determinar, por meio de ensaios clínicos (…) o que é seguro e eficaz de fazer”, escreveu a agência.

Experiência na China

Na China, um estudo provou que cinco pacientes em estado grave diagnosticados com a Covid-19, depois de serem tratados com o plasma de pessoas que se recuperaram da doença, apresentaram resultados positivos.

A pesquisa foi feita por um hospital da China, e divulgada na segunda (30) pela revista de pesquisa científica Jama.

Os cinco pacientes testados com idades entre 36 e 73 anos apresentaram pneumonia grave com progressão rápida e a carga viral da Covid-19 continuamente alta. Todos estavam respirando por meio de aparelhos.

Após a transfusão, a temperatura corporal de quatro pacientes normalizou em três dias, e as cargas virais também diminuíram 12 dias após a transfusão.

Três dos cinco pacientes tratados voltaram a respirar sem a ajuda de aparelhos dentro de duas semanas após a transfusão. Eles receberam alta hospitalar após permanecerem internados cerca de 50 dias. Os outros dois estão em condição estável após 37 dias da transfusão.