
A ONG Human Rights Watch, que atua na defesa e realização de pesquisas sobre os direitos humanos, publicou um novo relatório no sábado (11). A organização fez duras críticas à atuação do presidente Jair Bolsonaro contra o coronavírus no Brasil, afirmando que além de agir de maneira “irresponsável”, também coloca os brasileiros em “grave perigo”.
“O Presidente Jair Bolsonaro está colocando os brasileiros em grave perigo ao incitá-los a não seguir o distanciamento social e outras medidas para conter a transmissão da COVID-19, implementadas por governadores no país inteiro e recomendadas por seu próprio Ministério da Saúde”, traz o relatório. “Ele também age de forma irresponsável disseminando informações equivocadas sobre a pandemia”, continua o texto.
Segundo publicou o UOL, para José Miguel Vivanco, diretor da divisão das Américas da Human Rights Watch, os líderes precisam garantir que as pessoas tenham acesso a informações precisas, baseadas em evidências e essenciais para proteger sua saúde.
“O presidente Bolsonaro está fazendo tudo, menos isso”, emendou Vivanco.
A Human Rights Watch destaca uma série de medidas tomadas pelo presidente. Entre elas, a decisão de editar uma medida provisória, no dia 20 de março, para retirar a competência dos estados de restringir a circulação de pessoas como forma de conter a Covid-19. A medida, vale lembrar, foi derruba pelo do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), quatro dias depois.
No texto, a organização ainda afirma que, apesar do “risco potencialmente fatal para a saúde dos brasileiros”, desde o início da grave crise no Brasil, Bolsonaro chamado o coronavírus de “gripezinha”, “resfriado” e até de uma “fantasia” criada pela imprensa, minimizando a gravidade da doença. Ao “repetidamente” desconsiderar as recomendações de distanciamento e incentivar as pessoas que não são “idosas” a fazerem o mesmo, o presidente as coloca em risco de contágio.
“Ele conclamou as pessoas a participarem de uma manifestação pró-governo no dia 15 de março e interagiu com os manifestantes, inclusive apertando as suas mãos. Na época, ele deveria estar em quarentena, já que vinte e quatro pessoas de uma delegação oficial que viajou com ele para os Estados Unidos haviam testado positivo para o vírus”, diz o texto.
A organização cita ainda o pronunciamento feito em 24 de março, quando Bolsonaro pediu que os brasileiros “voltassem à normalidade” e a campanha publicitária #ObrasilNãoPodeParar, que não foi veiculada porque o governo acabou impedido pela Justiça por contradizer as recomendações do Ministério da Saúde.
Procurado pelo UOL, o Planalto ainda não se manifestou sobre as críticas.
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