De acordo com os boletins epidemiológicos publicados por todo o país, o Brasil já contabilizou mais de 400 mil mortes por Covid19. O levantamento mostra que apenas 90 cidades não registra óbitos pela doença, o que equivale a 1,6% do país.

Os estados com maiores percentuais de cidades sem mortes pelo novo coronavírus são Tocantins, Rio Grande do Norte e Minas Gerais. Neste levantamento, ficam de fora da marca cidades com até 11 mil habitantes, localizadas no interior de 12 estados.

No entanto, mesmo sem registro de mortes, o coronavírus chegou em todas as 5.570 cidades brasileiras, desde dezembro de 2020. A última cidade a notificar pelo menos um caso de pessoa infectada pelo vírus foi em Cedro do Abaeté, em Minas Gerais.

Segundo especialistas, os municípios pequenos têm menos circulação de pessoas, por isso a propagação do vírus é menor. Mas, ainda assim, alertam que é possível ocorrer mortes pela doença em todos os municípios, em algum momento, devido à gravidade da pandemia e do aumento nos casos de contaminação no país.

Estrutura

O pesquisador da Fundação Oswaldo Crus, Diego Xavier, reflete que a pandemia tem um impacto significativo no cotidiano dos moradores de cidades menores. A influência depende da situação da assistência médica em municípios vizinhos, em que os moradores podem não conseguir atendimentos e leitos para tratamento de outras doenças.

Na mesma linha de raciocínio, os gestores municipais de pequenas cidades temem o registro de mortes pela Covid19. A preocupação principal é a falta de estrutura como motivo. Geralmente, esses municípios dependem da rede de alta complexidade de cidades maiores.

Lilian Pereira de Carvalho Xavier, secretária de Saúde de Bonito de Minas, em Minas Gerais, afirma que a cidade investiu em medidas para evitar este cenário e a disseminação do vírus. De acordo com ela, a gestão contratou agentes para visitar as casas dos munícipes e orientá-los. Além disso, os agentes também fiscalizam o comércio da cidade. A prefeitura, junto da Polícia Militar, ainda criou um disque-denúncia para flagrante de aglomerações.

A gestora avalia que um dos fatores que contribuiu para a contenção do novo coronavírus é que 80% da população vive na zona rural. “Não fizemos nenhuma mágica, só estamos seguindo as orientações sanitárias e monitorando para evitar que as pessoas se infectem e que os casos se agravem. Temos receio de que isso aconteça porque teríamos de recorrer a outros municípios por não ter hospital na cidade”, diz Lilian.

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Outro cenário

Enquanto há cidades tendo sucesso na contenção do vírus, 56,5% dos municípios brasileiros registraram mais mortes por Covid19 em 2021 do que em 2020. Os estados com maiores percentuais de municípios nesta condição são Rondônia, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

Fernando Bellissimo Rodrigues, médico infectologista e professor na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, diz que o aumento de mortes este ano era esperado, considerando o crescimento de casos no início de 2021. O especialista diz que há indícios de que a doença esteja entrando em declínio. No entanto, evita fazer esse tipo de projeção, devido a três fatores:

  • o comportamento da população;
  • a velocidade da vacinação contra a doença;
  • a efetividade dos imunizantes contra a cepa brasileira do vírus.

“A princípio esse aumento de casos é atribuído à cepa P.1, mas ainda não há nada conclusivo. Estudos in vitro sugerem que as vacinas têm efetividade menor em relação às novas variantes, mas não nula”, explica.

Dessa forma, de acordo com o médico, todas as cidades devem manter as ações preventivas para conter a disseminação. Isso inclui as cidades que não tenham registrado mortes.