
Embora a recomendação seja ficar em casa e reforçar o distanciamento social, em São Paulo e em outras capitais, cenas de desrespeito ao Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde se repetiram.
Na sexta-feira (10), um voo atrasado para João Pessoa causou aglomeração nos guichês de atendimentos no aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Segundo o G1, a Latam disse que “em razão da pandemia de coronavírus, mantém apenas uma malha aérea mínima essencial em operação” e que “em casos de reacomodações de passageiros, a companhia orienta a todos que mantenham uma distância de segurança entre si, evitando aglomerações no atendimento”.
Também no feriado, o Mercado Municipal de São Paulo, com seus corredores estreitos, estava cheio.
Nesta sexta, no Mercado Municipal de São Paulo, a placa dava o recado, mas nos corredores estreitos, espaço é produto em falta. “A gente tenta, mas as pessoas não são conscientes ainda, né? Então, precisa de um pouco mais de consciência do afastamento um do outro”, falou a dona de casa Juliana Simão ao G1.
A mudança de comportamento foi sentida no Ministério. Um dia antes, na quinta-feira (9), Luiz Henrique Mandetta, comentou que percebeu que “o pessoal começou a andar mais”.
“Vamos pagar esse preço ali na frente. Esse vírus adora aglomeração, adora contato, adora que as pessoas achem que ele é inofensivo. E aí as cidades podem pegar a transmissão sustentada”, afirmou.
São Paulo
O governo estadual já notava que as pessoas estavam mais confortáveis com a saída às ruas. Depois de adotar o sistema de monitoramento inteligente, isso ficou ainda mais claro.
Na quinta-feira (9), o isolamento no estado foi de apenas 47%. No último domingo (4), eram 59%. A meta, no entanto, está longe. O estado quer chegar a 70% das pessoas dentro de casa, o que seria o ideal para reduzir a velocidade de transmissão, evitando um colapso no sistema de saúde.
“Esses casos são baseados nas experiências de outros países que tomaram medidas progressivas de isolamento social e, no final, a conclusão foi que menos de 70% nós não seríamos efetivos no controle da velocidade da epidemia. Se nós diminuirmos o contato entre as pessoas, nós diminuímos a infectividade. Abaixo de 70%, a infectividade será acima de 2%. Ou seja, um indivíduo transmitirá a infecção para dois ou mais indivíduos. Quando nós reduzimos esse contato, isso significa que a taxa de infectividade cai próximo de um. Com isso, nós conseguimos diminuir a velocidade da infecção, da epidemia”, disse o coordenador dos testes do coronavírus no estado, diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.
O médico e professor de matemática da Fundação Getúlio Vargas, Eduardo Massad, fez projeções sobre as taxas de isolamento.
Sem nenhum controle, os casos disparam. Com 50% da população isolada, o número de infectados cresce, só que mais lentamente. E com 70%, este crescimento é mais devagar ao longo do tempo.
“Se prosseguir nessa tendência de apenas 50%, daqui um mês, o Brasil vai chegar entre 180 e 200 mil casos. Por outro lado, se conseguirmos chegar ao número mágico de 70% de distanciamento social, daqui um mês, o Brasil estaria na ordem de 30 a 40 mil casos e, portanto, isso significa que com 70% de distanciamento social, o sistema de saúde é capaz de dar conta dos casos que vão chegando”, destacou.
Com informações do G1.
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