Uma equipe internacional de cientistas identificou uma nova variante da Covid-19, que surgiu entre trabalhadores no nordeste da Espanha, em junho. Atualmente, a Europa sofre com a segunda onda de infecção do coronavírus em vários países.
A nova cepa se espalhou de forma rápida por toda Europa e agora é a responsável pela maioria dos novos casos registrados no continente. Agora, os cientistas que rastreiam o vírus através das mutações genéticas, descreveram a disseminação da nova variante em uma publicação desta quinta-feira (29).
De acordo com as análises dos pesquisadores, a nova cepa representa aproximadamente 90% dos novos casos de infecção da Espanha. Além disso, ela também provocou de 40% a 70% dos novos casos na Irlanda, Reino Unido e Suíça no mês de setembro. A variante é ainda prevalente na Letônia, Noruega, França e Holanda.
O estudo sugere que os turistas que voltaram de férias da Espanha tiveram um papel fundamental na disseminação do vírus pela Europa. Assim, a possibilidade levanta questões sobre a segunda onda de contágio, e se esta poderia ter sido menor com uma triagem melhor nos aeroportos e outros centros de transporte.
No entanto, as pesquisas não ligaram a nova cepa como a causadora da segunda onda da Covid-19 no continente. O estudo sobre a variante tem pendente a revisão de cientistas independentes.
O rastreio até o local de origem de cada variante do vírus é possível porque cada uma tem sua própria assinatura genética. Os cientistas da Suíça e Espanha estudam essa nova cepa para examinar seu comportamento e letalidade em comparação às outras. Mas, até o momento, não foi publicada nenhuma conclusão sobre o tema no estudo.
Mutação da variante
Emma Hodcroft, geneticista da Universidade de Basileia (Suíça) e líder do estudo, disse que ainda não há nenhuma evidência sobre a relação da rápida propagação da variante com o aumento da transmissão ou resultado clínico.
Porém, a cientista destacou que a 20A.EU1 (nome dado à nova variante) é diferente de qualquer versão do coronavírus que ela tenha encontrado antes. São observadas seis diferenças desta em relação às outras.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Fernando Spilki, não há evidências de que as vacinas em desenvolvimento tenham dificuldade na imunização contra a nova variante.
“Muito provavelmente as vacinas darão conta de uma ampla variação de linhagens do vírus. Mas um dos fatores importantes de fazer estudos de sequenciamento dos genomas é observar se, na presença da vacina, teremos vírus que vão circular melhor ou pior. Mas por enquanto não existe ainda um motivo de alerta em relação a isso.”
Spilki garantiu que essa nova cepa ainda não foi identificada no Brasil, mas há chances dela chegar, assim como as outras variantes que circulam pelo país.