Equipes de atenção básica em várias cidades e estados do Brasil afirmam que a subnotificação ao Ministério da Saúde de casos suspeitos de infecção pela Covid-19 tem sido maior que o divulgado.
Isso vem acontecendo mesmo depois do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ter solicitado, em 20 de março, que todos os casos suspeitos – independentemente da gravidade – fossem notificados.
No entanto, neste cenário, em que o avanço da epidemia pode ser muito maior do que o esperado, vários hospitais do país esperam que dentro de poucas semanas comecem a faltar leitos em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs).
Segundo reportagem da ‘Folha de S. Paulo’, chega-se a 1 caso informado para cada 30 ou mais para casos suspeitos sem que as ocorrências sejam reportadas em nível federal.
A falta de kits para testes e a inexistência de uma portaria específica do Ministério da Saúde para determinar quais casos devam ser considerados confirmados ou suspeitos têm feito com que muitos doentes não entrem nas estatísticas, segundo a Sociedade Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC).
Com a ausência de uma portaria específica do ministério, os médicos que reportam os casos têm se guiado por notas técnicas da vigilância epidemiológica de seus municípios ou estados.
No início de março, o Ministério da Saúde publicou o Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus na Atenção Primária à Saúde, voltado aos profissionais da atenção básica.
Depois de várias atualizações, o documento diz, na página 19, que devem ser notificados todos os casos de Síndrome Gripa e de Síndrome Respiratória Aguda Grave por meio da plataforma.
No entanto, o sistema passou por mais mudanças e, agora, os casos devem ser notificados no e-SUS, onde os profissionais da atenção básica entram com login e senha para realizar o registro.
No Estado de São Paulo, a secretaria da Saúde publicou em 17 de março, no Diário Oficial, uma solução orientando que os casos sem gravidade não fossem comunicados.
Até o momento, não houve publicação de outro documento alinhando a orientação que o ministério passou a preconizar a partir de 20 de março.
Um assessor do Ministério da Saúde disse à ‘Folha de S. Paulo’, que as orientações estão mudando conforme a dinâmica da epidemia e ainda revelou que não há uma reposta sobre a padronização geral para a comunicação de casos suspeitos.
Com informações da ‘Folha de S. Paulo’.