Representando a Pfizer, ex-presidente da farmacêutica depõe na CPI
Foto: Reprodução/TV Senado

Nesta quinta-feira (13), o ex-presidente da Pfizer Carlos Murillo e a atual no cargo no Brasil, Marta Díez prestaram seus depoimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Ambos foram questionados sobre as tratativas entre a farmacêutica e o governo brasileiro sobre as aquisições das vacinas contra o novo coronavírus.

De acordo com Carlos Murillo, o governo brasileiro recusou seis vezes propostas da vacina, desde agosto de 2020, antes de assinar o contrato de 100 milhões de doses apenas em março de 2021. Antes da assinatura do contrato, a Pfizer já havia feito três ofertas em agosto de 2020, duas em novembro de 2020 e uma em fevereiro de 2021.

Três destas propostas eram para dois contratos, que resultariam no total de 100 milhões de doses do imunizante. Mais duas ofertas, feitas em agosto do ano passado, previam a entrega de mais 1,5 milhões de doses.

Tentativas

Cada contrato oferecido na primeira proposta, feita no dia 14 de agosto, previa a entrega de 500 mil doses ainda no ano passado, depois 1,5 milhão no primeiro trimestre de 2021, 5 milhões no segundo trimestre e o restante até o fim do ano.

Sem obter resposta do governo brasileiro, a Pfizer encaminhou uma segunda proposta, no dia 18 de agosto, para dois contratos, de 70 milhões e de 30 milhões de doses. Na segunda oferta, cada contrato previa a entrega de 1,5 milhão de doses ainda em 2020.

A terceira proposta foi feita no dia 26 de agosto, seguindo a ideia de duas ofertas, de 30 milhões e de 70 milhões de doses. Cada uma também previa a entrega de 1,5 milhões de doses ainda em 2020. “Nossa oferta de 26 de agosto era vinculante. Estávamos nesse processo com todos os governos. Teria validade de 15 dias. Passados esses 15 dias,o governo do Brasil não rejeitou, mas também não aceitou a oferta”, contou Murillo.

No dia 11 de novembro de 2020, a Pfizer voltou a ofertar vacinas ao Brasil. Dessa vez, uma única oferta para 70 milhões de doses. A previsão era de entrega a partir de 2021: 2 milhões de doses no primeiro trimestre, 6,5 milhões no segundo trimestre e o restante no resto do ano.

Ainda sem respostas, a farmacêutica replicou a oferta no dia 24 de novembro de 2020, com algumas considerações, “principalmente no que diz respeito às condições para execução do contrato, com base nas discussões com o Ministério da Saúde que tinham a ver com necessidade de ter registro aprovado para assinar essa oferta”, disse Murillo.

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Dois meses sem resposta

No depoimento de ontem (12), o ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, confirmou que a Pfizer enviou uma carta ao governo brasileiro em setembro de 2020, ofertando a negociação para compra das doses da vacina, que na ocasião estava em fase de testes.

No entanto, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ignoraram a carta, que foi respondida por Wajngarten dois meses depois, quando soube da correspondência. Depois disso, diz ter se encontrado com representantes da Pfizer três vezes.

Os representantes da Pfizer também devem ser perguntados sobre quando aconteceu a primeira tentativa de contato com o governo brasileiro para discutir a venda de vacinas e por quê o acordo foi formalizado apenas em 2021. O primeiro lote do imunizante Pfizer, com 1 milhão de doses, chegou ao Brasil em 29 de abril.