Curva de óbitos não indica segunda onda na maioria dos países
Connect with us

Coronavírus

Curva de óbitos não indica segunda onda na maioria dos países

Aumento de casos positivos tem relação com mais testes; novas mortes concentram-se em áreas antes poupadas

Published

on

Pessoas em aeroporto usam máscaras
Mundo aguarda com apreensão segunda onda do novo coronavírus. (Foto: Envato Elements)

As curvas recentes de óbitos pela Covid-19 em vários países reforçam a hipótese de que a pandemia talvez não produza uma segunda onda de mortalidade nos locais mais afetados.

A tendência é a mesma em Brasil, Europa e Estados Unidos, onde as economias estão reabertas e o isolamento social é cada vez menor.

Nesses locais, o que ainda ocorre é o aumento dos óbitos em regiões e estados menos afetados inicialmente.

Em resumo, onde o vírus não fez muitos estragos até agora ainda há maior chance de aumento das mortes -reforçando a necessidade das medidas de precaução.

Na Europa, onde vêm sendo registrada alta súbita de novas infecções em alguns países, o total de mortes, no fim de agosto, não ultrapassava 3,7% em relação ao pico na Espanha, país com maior aumento de casos.

Na França, os óbitos representavam 1,4% do pico; na Alemanha, 1,6%; na Itália, 0,7%, segundo dados compilados pelo Instituto Estáter, que vem acompanhando essas curvas, desde o início da pandemia, a partir de fontes oficiais.

Uma das explicações para a disparidade entre mais infectados confirmados e menos óbitos é a massificação dos testes, que reduziram a grande subnotificação dos primeiros meses. Casos leves e assintomáticos que não entravam para as estatísticas, agora o fazem.

A outra é que, com a reabertura dos países, mais jovens estão circulando, e eles são menos suscetíveis ao vírus -e muitos idosos já ficaram doentes ou morreram.

Para que esse quadro se confirme totalmente, é preciso levar em conta também que as mortes geralmente aumentam três semanas após a alta das infecções, agora detectadas por muito mais testes.

A França, por exemplo, testou mais de 1 milhão de pessoas nos últimos sete dias. Proporcionalmente, é muito mais do que os 9 milhões testados em 32 semanas de epidemia.

Os testes franceses identificaram 53 novos “clusters” (aglomerados humanos) onde o vírus passou a agir, elevando o total para 1.640 desde o início, dos quais 1.009 já estão inertes.

Na Espanha também há mais testes e casos confirmados, mas o aumento das mortes tem sido maior sobretudo nas provinciais inicialmente menos afetadas.

A proporção menor de óbitos agora deve levar em conta também que o sistema de saúde nesses países não está mais colapsado, e que houve um aprendizado da área médica no tratamento de doentes.

Na Espanha, os pacientes por Covid-19 ocupavam, ao fim da semana passada, apenas 6% dos leitos dedicados à doença (15% em Madrid).

“Com a província de Madri e outras menos afetadas no início do ano registrando mais infeções agora, a Espanha apresenta hoje número de casos positivos superior ao que ocorreu no pico. Mas hospitalizações e óbitos representam, respectivamente, menos de 10% e 5% do pico”, afirma Pércio de Souza, presidente do Instituto Estáter.

No Brasil, estados como Ceará, Amazonas, Pará e Pernambuco, que no começo de julho começavam a revelar tendência de queda nas mortes, continuaram a trajetória.

O Rio de Janeiro, que no início tinha menos mortes que muitos estados, apresentou aceleração recente, sobretudo em regiões até então menos afetadas. Os óbitos do estado também têm sido inflados pelo registro, só agora, de mortes muitas passadas.

Percorreram o caminho inverso -menos mortes no início e aumento depois- estados como Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Mesmo entre eles, já há alguma tendência de estabilização ou de queda.

O mesmo padrão de mais mortes agora nos locais menos afetados no início -e o inverso- fica claro nas curvas de óbitos dos Estados Unidos.

Flórida, Texas e Carolina do Sul, poupados no começo, tiveram alta a partir de julho; agora, mostram algum arrefecimento. Já Nova York, Nova Jersey, Massachusetts e Connecticut não registraram uma segunda onda de óbitos, apesar da reabertura.

Há cerca de dois meses, infectologistas e novos estudos científicos passaram a considerar também a hipótese de a imunidade comunitária contra o Sars-CoV-2 ser maior do que os testes hoje aplicados sugerem.

Segundo eles, o vírus pode estar sendo combatido em duas frentes: pelos linfócitos (células) B, que produzem anticorpos, na resposta imune denominada humoral; e pelos linfócitos T, que não fazem isso, mas que também combatem o vírus eliminando células infectadas por resposta citotóxica.

Como a ação dos linfócitos T não produz anticorpos, muitas pessoas teriam defesa contra o vírus sem que a maioria dos testes hoje aplicados (não celulares) detecte isso.

A imunização contra o coronavírus pode estar também se dando de forma “cruzada”: pela suscetibilidade individual (com linfócitos B e T) e por outros fatores genéticos combinados às políticas fundamentais de distanciamento social e o uso de máscaras.

Para o infectologista Julio Croda, da Fiocruz, esse seria um “novo paradigma”, pois a imunização medida pode estar subestimada.

“Também não sabemos por quanto tempo dura essa imunidade coletiva que foi responsável por não termos a segunda onda. É importante manter as medidas de prevenção até que possamos conhecer mais a respeito.”

Croda diz acreditar que setembro terminará com “uma boa acalmada”, mas recomenda que os indivíduos mais velhos tomem cuidado redobrado daqui em diante.

“O pior da epidemia, terrível em muitos locais, já passou. Mas o que vem pela frente é ainda muito significativo.”

Esper Kallás, infectologista e professor da USP, afirma que dificilmente haverá aumento significativo de mortes nos locais já duramente afetados. “Estamos diante de uma epidemia que tem a característica de uma onda única.”

Segundo ele, São Paulo deve destoar de outras regiões porque estado e capital conseguiram achatar a curva desde o início e têm funcionado como referência para tratamento de pessoas de outros estados.

“São Paulo foi o primeiro e será o último a apagar a luz.”

Para o infectologista Gerson Salvador, do Hospital Universitário da USP, apesar dos números mais positivos recentes, é fundamental que a sociedade prossiga por mais tempo com as medidas preventivas.

“Para atingirmos um nível de imunidade coletiva totalmente seguro, provavelmente só com a vacinação em massa”, diz ele.

Souza, do Instituto Estáter, diz acreditar que as evidências apresentadas até agora pela evolução da epidemia mostram que já há espaço suficiente para a reabertura das escolas, sem riscos adicionais relevantes.

“As escolas fechadas têm consequências graves para as classes vulneráveis: submetem as crianças à violência doméstica, pioram a desnutrição e incentivam a marginalização dos adolescentes desocupados, além de ampliar o já enorme abismo social”, diz Souza.

“Conscientizar a população, preparar a infraestrutura e o ambiente escolar e trazer os alunos de volta as aulas são medidas necessárias e urgentes”, afirma.

Com informações da FolhaPress.

 

Coronavírus

OMS declara fim da pandemia da Covid-19

Os especialistas da Organização Mundial da Saúde chegaram à conclusão de que o vírus não representa mais uma ameaça sanitária internacional.

Published

on

Em pouco mais de três anos de pandemia, cerca de 20 milhões de pessoas morreram em decorrência do coronavírus (Foto: Reprodução)

Nesta sexta-feira (5), a OMS (Organização Mundial da Saúde) anunciou o fim da pandemia da Covid-19. De acordo com seus especialistas, o vírus não representa mais uma ameaça sanitária internacional. Portanto, a emergência da pandemia está oficialmente declarada como encerrada. Ainda assim, segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, o anúncio não significa que o vírus desapareceu. Atualmente, ainda há…

Continue Reading

Coronavírus

Governo libera vacina bivalente contra a Covid-19 para todos acima de 18 anos

Vacinação com a bivalente é ampliada após atingir apenas 16% do público-alvo nas primeiras etapas da campanha.

Published

on

Homem sendo vacinado em Jundiaí
Decisão ocorre diante um cenário de vacinas paradas nos estoques por conta da baixa procura pela imunização de reforço (Foto: Prefeitura de Jundiaí)

Na noite desta segunda-feira (24), o Ministério da Saúde anunciou a liberação da vacina bivalente de reforço contra Covid-19 para qualquer pessoa acima de 18 anos de idade. Podem receber a bivalente quem já recebeu, pelo menos, duas doses de vacinas monovalentes, como Coronavac, Astrazeneca ou Pfizer. A aplicação da bivalente deve acontecer em um intervalo de pelo menos quatro…

Continue Reading

Coronavírus

Governo de SP derruba obrigatoriedade do uso de máscara no transporte em todo o Estado

A medida vale para trens, ônibus intermunicipais e metrôs de todo o Estado de São Paulo.

Published

on

Jovem com máscara no ônibus. (Foto: Divulgação)
A decisão considerou a desobrigatoriedade após melhora nos indicadores da pandemia da Covid-19 (Foto: Divulgação)

Nesta semana, o Governo de São Paulo retirou a obrigatoriedade do uso de máscaras no transporte público em todo o Estado. Assim, a partir de agora, não é mais obrigatório utilizar o item de segurança em ônibus intermunicipais, trens e metrô. Ainda assim, para ônibus municipais, a decisão partirá de cada prefeitura. A medida acontece um dia depois da Anvisa…

Continue Reading

Coronavírus

Covid: Jundiaí abre agendamento para vacina bivalente para idosos e imunossuprimidos

O imunizante é uma versão atualizada dos já existentes contra a Covid-19 e pode oferecer uma proteção ainda maior contra a cepa original e subvariantes.

Published

on

O agendamento abre nesta terça-feira (28), para idosos +70 e imunossuprimidos +12 (Foto: Prefeitura de Jundiaí)

A Saúde de Jundiaí abrirá novo agendamento para doses de vacina Pfizer bivalente contra a Covid-19, nesta terça-feira (28), às 15h. Idosos com 70 anos ou mais e imunossuprimidos com 12 anos ou mais podem agendar pelo site ou APP Jundiaí. Para tomar a dose bivalente, a pessoa deve ter recebido, no mínimo, duas doses da vacina monovalente (Janssen, Pfizer, CoronaVac ou Astrazeneca).…

Continue Reading

Coronavírus

Covid: Saúde amplia vacinação com Pfizer Baby para crianças de 3 a 4 anos

A versão pediátrica do imunizante começa a ser aplicada nessa faixa etária a partir de segunda-feira (13)

Published

on

Confira o calendário de aplicação da vacina contra Covid-19 em Jundiaí (Foto: Prefeitura de Jundiaí)

A partir desta segunda-feira (13), Jundiaí passa a aplicar a vacina Pfizer Baby também em crianças de 3 a 4 anos. A princípio, essa versão do imunizante estava disponível apenas para o público de seis meses a 2 anos. Durante a semana, a aplicação ocorre de acordo com calendário de imunização da cidade, disponível no site da Prefeitura de Jundiaí. Em…

Continue Reading