
A funcionária de uma unidade da Assistência Médica Ambulatorial (AMA) pensou numa forma muito criativa de explicar às filhas sobre o coronavírus e porque, como profissional da saúde, não poderia estar junto do resto da família.
Os pais de Marcela Vulcano, seu marido e filhas vão passar a quarentena em um sítio, enquanto ela ficará em casa.
Um livro com narração ritmada e muita cor foi elaborado pela mãe.
“Mamãe é enfermeira e cuida com muito carinho, vai ajudar todo mundo, mas agora não pode dar beijinho”, diz uma das páginas da história.
De tempo em tempos, Marcela visita a família e leva mantimentos, mas o contato é com restrições.
“Ninguém pode chegar a menos de dois metros, elas [as filhas] podem pegar [a doença] e não ter sintoma nenhum e passar para os meus pais”, afirma. Mas o sentimento de que eles estão seguros vale a pena. “Por enquanto, para o bem de todo mundo, é melhor ficar lá. Se eu não conseguir lidar com essa falta delas, a gente pode rever. Mas acho que vou segurar, eu tenho que segurar”, afirma.
Trabalhando com o lúdico
O livro nasceu depois que Marcela pensou em como aplacar a dor da distância.
“Comecei a pegar fotos minhas e juntar para levar para elas. Peguei uns livrinhos e tive a ideia de fazer a historinha do porquê eu estou longe. Em dois minutos eu sentei, desenhei e costurei por que não tinha cola”, lembra.
“Esse distanciamento social é duro para todo mundo. De alguma maneira está afetando a vida de todos. Não sou só eu que estou passando por uma questão dessas. Eu sou, na verdade, muito privilegiada. Eu tenho um sitio, com parquinho, arvores frutíferas, elas [filhas] estão recendo amor e carinho. Não posso ser egoísta de falar não. É difícil. Tento me segurar no meu privilegio de ter essa possibilidade”, afirma.
Além do livro, quando vai ao sítio, utiliza um telefone de lata para conversar com as meninas. Só assim, entrando na brincadeira, para amenizar a saudade.
“Isso vai passar, vai resolver, sou super otimista, tenho certeza que vai passar e vai ficar tudo bem. Tenho medo de passar para eles, mas tenho certeza que vai ficar tudo bem, é só uma questão de tempo, de ter paciência. Não tenho como desistir. A não ser que eu fique doente. Se todas as enfermeiras desistirem, como que fica?”.
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