Fachada do Hospital São Vicente
Responsável pelo setor de controle de infecção hospitalar, Gabriela respondeu principais dúvidas dos jundiaienses. (Foto: Reprodução/Prefeitura de Jundiai)

Com o aumento de casos do novo coronavírus no Brasil, como levar a vida adiante mantendo-se em segurança é uma dúvida que varre a mente dos brasileiros.

Gabriela Papis, enfermeira responsável pelo serviço de controle de infecção hospitalar do Hospital São Vicente de Jundiaí, nesta entrevista, fala exatamente sobre isso: como lidar com casos sintomáticos dentro de casa, como utilizar o transporte público ou por aplicativo evitando o contágio, entre outras questões.

Confira a entrevista completa:

Tribuna de Jundiaí: Nós falamos muito das medidas de prevenção. Com o isolamento social, em uma casa com 4 ou 5 membros, estas medidas de proteção devem ser seguidas? Como a limpeza constante de superfícies, evitar ficar todos em um mesmo cômodo?

Gabriela Papis: É importante que todas as medidas de proteção sejam seguidas. A limpeza deve ser constante nos lugares em que todos colocam as mãos, para isso pode se utilizar o álcool ou outro desinfetante de rotina. Na geladeira, por exemplo, não precisa higienizar a porta inteira, apenas aonde a gente costuma colocar mais a mão, na trava por exemplo.

É importante manter o corpo saudável: hidratar e se alimentar bem.

Se houver alguém com síndrome gripal ou sintomas, essa pessoa deve ser a última a utilizar o banheiro, depois dela, é importante fazer a higiene do banheiro para que no dia seguinte, possa ser utilizado. Se possível, a pessoa que está infectada ou com sintomas deve utilizar a máscara durante o convívio e ficar o máximo de tempo no quarto ou pelo menos a 2, 3 metros de distância das outras pessoas.

Lembrando que se ela espirra ou tosse em qualquer parte do ambiente, essas gotículas vão cair. Se ela tosse sem a máscara e está na sala e essas gotículas caem no sofá e logo depois outra pessoa deita no sofá, as gotículas se transferem para essa pessoa.

TJ: Para aqueles que ainda precisam ir ao trabalho de transporte público ou motorista por aplicativo, é indicado o uso de luvas para proteção das mãos?

GP: É essencial higienizar as mãos com frequência. Não tem álcool gel, assim que ver água e sabão, higieniza as mãos. Se houver álcool em gel, ótimo. E lembrar aos motoristas de aplicativo que, se possível, higienizar o carro com mais frequência, as maçanetas e outros locais que todos colocam as mãos.

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TJ: Cada paciente pode apresentar um quadro de sintomas, mais leve ou mais grave. Quais sinais mostram que é hora de procurar por atendimento médico em hospitais?

GP: Se o paciente está com quadro gripal leve, coriza, tosse seca e sintomas leves, fica em casa. Agora, se for um quadro de desconforto respiratório, como falta de ar e dificuldade para respirar, é preciso procurar atendimento médico.

TJ: Com o anúncio do estado de emergência, mercados e farmácias seguem abertos. Quais os cuidados necessários nesses ambientes?

GP: Além das medidas de prevenção, eu sugiro que as pessoas se questionem se é realmente necessário ter que ir à farmácia ou ao mercado. Nós temos muitos serviços de entrega, talvez utilizá-los e lembrar de logo após receber as compras, higienizar as mãos e as embalagens.

TJ: Vitaminas, suplementos e alimentos conhecidos por fortalecer a imunidade, no caso de contágio, podem ajudar ao combate do Covid-19 no organismo?

GP: É importante ter a imunidade reforçada. Como nós deixamos nosso corpo forte? Se alimentando e se hidratando normalmente. Vitamina C, suco de laranja são bons, então pode tomar também; mas não há necessidade de tomar vitaminas se temos uma alimentação saudável.

TJ: Este é um momento de preocupação e muitas incertezas. A previsão é que, ao “achatar a curva”, os casos de coronavírus se estendam por mais tempo no Brasil. Qual a avaliação do senhor sobre o tempo que estaremos sobre estado de alerta/emergência? Há precedência de casos na história contemporânea de pandemia nessa proporção?

GP: Não há registro de uma pandemia tão extensa quanto essa nos últimos tempos e achatando a curva nós vamos conseguir que os serviços de saúde consigam atender toda a população que necessita de ventilação mecânica e de UTI para se recuperarem, diminuindo assim os casos de óbitos e a letalidade da doença.

A expectativa é que dure pelo menos três meses nesse estado mais crítico.