Enfermeira entrega bilhetes com mensagens de carinho e esperança aos pacientes com Covid

A pandemia causada pela Covid19 tem provocado o aumento no número de pessoas contaminadas, além da alta ocupação no número de leitos nos hospitais do Brasil. Neste cenário, a enfermeira Priscila Garcia Gimenez, de 37 anos, que atua no Hospital de Base de São José do Rio Preto (SP), encontrou uma forma de trazer conforto e esperança aos pacientes internados com Covid, para que acreditem na recuperação e cura da doença.

São bilhetes escritos à mão com mensagens de força, esperança e carinho. O gesto simples tem deixado pacientes com força para enfrentar os desafios. “A gente tem muito medo de morrer. É uma sensação de solidão. A doença só aumentou minha depressão, mas quando encontrei a Priscila tudo mudou. Os bilhetes me deram força para continuar. Trouxe todos comigo e os coloquei em um quadro”, conta Rosana Roseli da Silva, 50 anos, que ficou sob cuidados de Priscila. Ela explica ainda que ficou internada durante 14 dias e recebeu quatro bilhetes. “Eu pegava e colava os recados em sequência. O último que recebi dizia que eu tinha vencido a doença e que Deus me amava. Comecei a chorar na mesma hora que recebi”, diz.

Rosana, com os bilhetes enquadrados (Foto: Divulgação G1 – Arquivo pessoal)

Quando foi receber a alta do hospital, Rosana recebeu a última visita de Priscila e comentou sobre a preocupação de piorar. “Ele falou para eu não chorar e disse que encontraria minha família. Sou muito grata por tudo que a Priscila fez. Fiquei muito feliz por existir alguém que não pensa somente em dinheiro e quer ajudar o próximo. Ela trata todos muito bem, independentemente da classe social, cor ou sexo. É uma pessoa extremamente humana” detalha Rosana.

Outro paciente de Priscila foi o foi Cristiano, da dupla com Zé Neto. O cantor ficou internado no hospital e após receber alta, publicou vídeos nas redes sociais para mostrar o recado de Priscila. “Galera, olha que legal. Estava pegando as coisas que eu trouxe do hospital. Achei uma lembrancinha que uma enfermeira levou lá no meu quarto. Ela leva em todos os quartos. Obrigado, mais uma vez, aos enfermeiros e médicos pela dedicação”, agradeceu o sertanejo.

Cristiano, da dupla com Zé Neto (Foto: Divulgação G1 – Reprodução/Instagram)

Início dos bilhetes

A enfermeira Priscila começou a trabalhar na linha de frente da Covid no início da pandemia, até então, atuava como enfermeira cirúrgica. “Precisaram de uma enfermeira clínica e me prontifiquei. Quando adentrei ao setor de Covid-19, vi a situação e comecei a pensar no que poderia fazer para ajudar. Todo mundo está com medo”, desabafa. Durante as visitas aos pacientes, ela decidiu pegar um bloco de papel e escrever as mensagens.

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“Entreguei para a primeira pessoa e senti uma energia muito positiva. Parece que ela só tinha aquilo para receber. É uma fragilidade tão grande que ultrapassa qualquer nível social e financeiro. A pessoa se apega aos mínimos detalhes para superar a doença”, relembra. Hoje ela já perdeu a conta de quantos bilhetes deixou para os pacientes e colegas de trabalho. “Já me deparei com profissionais chorando e dei bilhetes. Depois vieram me agradecer, dizendo que estavam muito mal no dia e pensando em desistir. Meu coração é cheio de coisas boas para todos que precisam em um momento difícil”.

A entrega dos recados resultou em um cotidiano mais humanizado e Priscila ainda tenta manter a positividade, apesar das histórias que nem sempre terminam com um final feliz. “Precisei me adaptar, mas enfrentei com cabeça erguida. Tento dar o meu melhor em um ambiente com muito sofrimento e tristeza. Tive meus pais internados com Covid19. Eles ficaram dez dias no hospital. Ainda continuo a acreditar no lado bom em tudo isso, porque realmente existe. Falo que o Hospital de Base é uma referência, mas não só em saúde. É diferenciado”, relata.

Bilhetes recebidos pelos colegas de trabalho de Priscila (Divulgação G1 – Arquivo pessoal)