Foto de Cícero na frente de ambulância do SAMU
Enfermeiro de 51 anos trabalhava há 20 na Santa Casa de Mogi das Cruzes. (Foto: Reprodução/Redes sociais)

O enfermeiro Cícero Romão de Souza, de 51 anos, já preenchia os requisitos para solicitar sua aposentadoria, mas preferiu adiar e ajudar a equipe no combate ao coronavírus. Parte do grupo de profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o SAMU, ele foi infectado pela Covid-19, teve complicações e faleceu na quarta-feira (22).

Cícero é a 1ª morte de um profissional de saúde na cidade de Mogi das Cruzes. Na cidade, ele também atuava, há mais de 20 anos, na Santa Casa.

“Ele estava conversando recentemente com a gente que já tinha dado tempo para aposentar. A gente até falou: ‘pô, nesse negócio de coronavírus, aproveita e já aposenta’. Ele falou que não, que não ia deixar o pessoal agora, nesse momento”, relembra o amigo e tenente Everton Oliveira Pinheiro de Godói, do Corpo de Bombeiros.

Despedida

Brincalhão, Cícero é lembrado com carinho pelos amigos.

O colega tenente Godói chegou a conversar com o enfermeiro por telefone dois dias depois de ser internado, em 14 de abril. Apesar de uma breve falta de ar na fala, ele parecia bem.

“Realmente pegou de surpresa. No final de semana a gente estava tomando café, na semana eu soube que ele tinha passado mal, mas conversamos e ele falou que estava bem, se recuperando”, conta. “Depois veio a surpresa de que se agravou o quadro dele”.

Rodrigo Romão, diretor do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo, conheceu Cícero em 2009, quando trabalharam juntos na Santa Casa de Mogi.

“O Cícero era um cara bastante atuante na emergência da Santa Casa. Ele gostava do que fazia e era um excelente profissional”, relembra.

A morte do amigo trouxe um novo sentimento aos médicos do município, especialmente aqueles que estão dia a dia na linha de combate.

“Todos nós estamos apreensivos, com medo, com atenção. Porém, é a nossa função. Estamos na linha de frente e temos que enfrentar isso da melhor maneira”, afirma. “Com a morte dele, acho que deu uma tensão maior entre os profissionais, um medo. Agora, conforme o número de infectados, de mortes, vai aumentando, vai chegando próximo da família das pessoas”, afirma.

A Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes também lamentou a perda de Cícero Romão de Souza.

“A família Santa Casa expressa suas condolências à sua esposa Mônica Mesquita, seus familiares e a todos os seus colegas e companheiros de trabalho, neste momento de luto. E em oração pede que Deus possa confortar o coração de todos”, destacou a nota.

Na quinta-feira (23), bombeiros e membros do SAMU leram uma carta de despedida no pátio do 17º Grupamento de Bombeiros (assista aqui). Com giroflex e sirene ligados, eles se despediram do velho amigo.

Com informações do G1.