Imagem de microscópio eletrônico de célula humana infectada por partículas do coronavírus Sars-CoV-2 Foto: NIAID-NIH
Imagem de microscópio eletrônico de célula humana infectada por partículas do coronavírus Sars-CoV-2 Foto: NIAID-NIH

Publicado nesta terça-feira (30), um estudo preliminar feito por pesquisadores do Butantan e colaboradores relata a identificação de duas novas “subvariantes” do Sars-CoV-2, derivadas da variante delta do vírus. As novas cepas foram encontradas circulando em São Paulo, sobretudo na região metropolitana, e provavelmente têm origem brasileira, afirmam os cientistas.

Segundo os autores, ainda é cedo para avaliar se as mutações que caracterizam essas novas variantes as tornam mais transmissíveis ou agressivas. Os pesquisadores levantam a preocupação de que as novas linhagens, batizadas provisoriamente com os códigos AY.43.1 e AY.43.2, sejam capazes de driblar parte da imunidade promovida pela vacina, porque ambas surgiram num momento e lugar onde a população tem cobertura vacinal razoável.

As duas subvariantes são ramificações da AY.43, que por sua vez é um dos mais de 120 subgrupos da delta. Os cientistas, liderados por Sandra Coccuzzo, do Intituto Butantan, compararam as sequências genéticas das novas variantes, que foi encontrada também em algumas amostras fora do país. “A maior parte das sequências analisadas das duas linhagens foram brasileiras, o que mostra que provavelmente essas duas sublinhagens emergiram no Brasil. Ainda não se sabe como essas duas sublinhagens estão disseminadas pelo resto do estado de São Paulo e pelo Brasil, nem seu potencial impacto no processo de vacinação em andamento”, escrevem os cientistas.

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A forma original da variante de preocupação (VOC) delta provavelmente teve impacto reduzido pelos imunizantes no Brasil. “Apesar da susbstituição total da VOC gama no Brasil pela VOC delta, não se observou nenhum crescimento exponencial de novos casos, provavelmente em razão da vacinação em andamento”, escrevem.

As mutações genéticas que caracterizam as duas mutações ainda não são conhecidas, dizem os pesquisadores, à excessão de uma, que na verdade é deletéria para as proteínas virais. Pelo menos uma mutação foi encontrada num gene “conservado” (não costuma sofrer alterações) e atua na reprodução do vírus, o que pode ter efeito concreto na capacidade de disseminação do patógeno.