Fotos: Envato Elements
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Não sabe mais como fazer com os filhos em quarentena dentro de casa? Tem medo que eles possam se contaminar com o coronavírus? Pode brincar na rua? E nas áreas comuns do condomínio?

As dúvidas surgem diariamente a pais e mães, agora, ainda mais, com o período de pandemia e aproximação das estações frias.

A reportagem do Tribuna de Jundiaí conversou com Ana Paula Felgueiras, pediatra com especialização em alergia e imunologia, diretora clínica do Hospital Universitário (HU) de Jundiaí e professora do departamento de pediatria da Faculdade de Medicina de Jundiaí.

A Pediatra Ana Paula Felgueiras (Foto: Hospital Universitário)

Tribuna de Jundiaí: A preocupação com infecções já é grande devido à epidemia do novo coronavírus. Por que devemos estar ainda mais atentos com a chegada das estações mais frias?

Dra. Ana Paula Felgueiras: Nesta época de outono-inverno, as doenças respiratórias agudas acabam tendo uma frequência maior, sendo motivo de aumento da procura de atendimento médico, pois com a queda brusca de temperatura, o corpo precisa se adaptar à mudança e, com isso, o sistema respiratório fica mais vulnerável à invasão de microorganismos e em relação à baixa umidade do ar. O tempo seco altera a hidratação das mucosas das vias aéreas, que seria um método de barreira para a entrada das infecções. Também há maior presença de poluentes em suspensão e a poluição pode gerar um processo inflamatório, na tentativa do corpo eliminar estes poluentes.

Tribuna – Como proteger nossos filhos do coronavírus?

Ana Paula: Em relação ao coronavírus, os cuidados para as crianças são os mesmos cuidados que já são orientados aos adultos: evitar contato físico, usar máscara de proteção e ter cuidado com a higienização das mãos e espirrar/tossir sempre seguindo a ‘etiqueta respiratória’ (proteção do braço junto à boca). As crianças não devem deixar de se vacinar contra a gripe (Influenza). Evitar contato, principalmente com pessoas sintomáticas. Diante de qualquer sinal clínico ou respiratório há necessidade de uma avaliação médica.

Tribuna – E em relação à alimentação?

Ana Paula – A recomendação é manter a dieta e ingestão de líquidos adequada para cada faixa etária. O alimento é muito importante para prevenção das infecções. O aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida é muito importante e, para os maiores, tomar o cuidado para não levar sobrepeso e obesidade. Tentar manter alguma atividade física dentro do lar. As atividades no quintal ou na varanda, sempre em locais bem arejados.

Tribuna – Como explicar às crianças sobre tudo que está acontecendo e manter uma rotina saudável?

Ana Paula – É muito importante conversar com as crianças, informar para que as crianças entendam o que está acontecendo, além de manter uma rotina para elas. Incluí-las nas tarefas e obrigações de casa, além dos momentos de brincadeira, para evitar o estresse do isolamento. Ensinar a lavagem das mãos, como espirrar com proteção, ensinar que devem evitar o contato físico, explicando sempre por meio de brincadeiras, historinhas, para eles aprenderem e compreenderem o momento. Usar linguagens simples, falar a importância das medidas de prevenção e deixar que eles expressem as dúvidas. O planejamento de agenda e horários também é muito importante: brincadeiras, estudo, leitura, música, atividade física, sono, tempo de tela (televisão, celular, tablet, computadores). Tentar manter uma rotina saudável que também é importante para manter a imunidade. E deixar livre o tempo do ócio. Para que a criança brinque e isso a ajude a superar os momentos de estresse.

Tribuna – Como conciliar o trabalho home office com a atenção aos filhos?

Ana Paula – Para as atividades dos pais acontecerem, é necessário que as crianças façam algumas atividades em que possam ficar sozinhos: assistir a um filme, por exemplo. Tentar sincronizar os horários para que os pais exerçam o trabalho sem a necessidade de sempre haver supervisão aos filhos. Fazer as refeições juntos e abordar outros temas para também distrair um pouquinho. Não são férias. É um momento emergencial e que todos têm de cumprir as atividade cotidianas. Isso é necessário para a criança entender que ela está em casa, mas não em férias. Usar a tecnologia a favor, sempre com horário de uso. Recomendação de limites de horário para cada faixa etária, dos jogos online, por exemplo, além de proporcionar videoconferências para matar saudade da família.