
Em ação inédita na região, o Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), em Jundiaí, implantou a “Visita Humaniza Covid”, que permite o encontro dos parentes com os pacientes diagnosticados com a doença e em fase terminal. A referência partiu do Hospital Municipal do M’boi Mirim – Dr. Moysés Deutsch, em São Paulo.
Iniciado neste mês, a ação possibilitou que Juliana de Freitas Miranda se despedisse do pai, Gilberto da Silva Miranda, de 62 anos, que estava com quadro clínico considerado terminal. “Meu pai abriu os olhos e naquele momento eu soube que ele estava me esperando”, conta a filha. Algumas horas depois da visita da filha, o paciente faleceu.
“Agradecemos a oportunidade de se despedir dele. Ficamos sabendo de conhecidos, com parentes internados em outras instituições, que infelizmente não tiveram a mesma chance. Hoje, eu e minha irmã, Luciana, estamos lidando melhor com a perda e seguindo em frente graças ao trabalho que o São Vicente desenvolveu”, agradece Juliana.
A psicóloga, Caroline Alves, explica que a iniciativa auxilia no processo da elaboração do luto. Uma das preocupações da equipe com os familiares é que eles não tenham a oportunidade de se despedir do ente internado. “Entendemos que esse processo é fundamental para assimilação e acomodação a essa situação de perda. Na maior parte dos casos de coronavírus, são pessoas que estão visualmente bem, estão andando, mas o caso evolui muito rápido para piora. Situações como essa são sempre mais difíceis de aceitar”, explica.
Adaptação
A segurança e a avaliação emocional são as principais diretrizes para realização da visita. Por causa disso, a ação foi cuidadosamente adaptada para a instituição, com a participação de todas as equipes envolvidas, como enfermagem, serviço social, psicologia e corpo clínico.
O contato com a família é viabilizado pelo Serviço Social do hospital, que agenda uma reunião, com no máximo dois familiares, para que a psicologia, em conjunto com a equipe médica, possa orientar sobre o encontro, que tem 20 minutos como tempo máximo de duração.
A visita é permitida para um dos familiares e a definição é feita em conjunto, com todo o suporte psicológico. É necessário que o familiar tenha acima de 18 anos, abaixo de 60 e não possua comorbidades como, por exemplo, obesidade. Na ocasião, o parente também assina um termo de responsabilidade.
Monitoramento
Ainda em fase experimental, o projeto visa monitorar o luto dos familiares de 30 a 60 dias após o falecimento do paciente, a fim de tornar o luto menos traumático. “Antes da pandemia nós estávamos sempre em contato presencial com os familiares, o que nos ajudava no acompanhamento psicológico deles, desde o início da internação dos usuários, mas agora, devido ao coronavírus, nós faremos esse trabalho posterior ao falecimento. Nosso objetivo é minimizar a dor da perda. O Hospital São Vicente irá oferecer todo esse suporte”, destaca a psicóloga.
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