
Israel também adotou novas medidas de restrição nesta sexta-feira (8), apesar de ser o país com a vacinação mais adiantada até agora. Mais de 17% dos israelenses receberam a primeira dose e a distribuição da segunda dose começa no domingo (10).
O sucesso de Israel até agora não tem tantos segredos: planejamento, trabalho e senso de urgência. O governo começou a desenhar a estratégia na metade de 2020.
A primeira decisão teria sido pagar um pouco mais para receber o quanto antes as vacinas da Pfizer/Biontech. As autoridades não informaram os valores, mas a agência de notícias Reuters diz que uma autoridade – que não quis se identificar – falou que o governo pagou US$ 30 por dose, o dobro do preço normal.
Em um comunicado, a Pfizer disse que trabalha com preços diferenciados e que “países que podem pagar mais deverão fazê-lo”.
O Ministro da Saúde de Israel argumentou que acabar logo com as restrições que prejudicam a economia justifica qualquer gasto com vacinas. Na hora de negociar, o governo prometeu às empresas uma vacinação rápida, que poderia servir de modelo para outros países.
Quando chegaram, de fato as primeiras vacinas encontraram um lugar preparado. Quer ver um detalhe? Para facilitar a distribuição, essa empresa de logística está usando umas caixas térmicas menores – parecem de pizza.
O gerente fala que as vacinas chegam em lotes com 195 frascos, mais ou menos mil doses: “A gente reempacota, porque um local de vacinação pode não querer usar mil doses, mas cem, 150, 200. Isso dá agilidade e facilita a chegada, por exemplo, a lugares mais distantes”, conta.
O Exército tem ajudado na estratégia. Mas a campanha também recebe críticas. Grupos de direitos humanos dizem que palestinos que vivem em Israel vêm enfrentando longas filas em algumas regiões. A Anistia Internacional considera que Israel deveria vacinar os palestinos também na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
O governo fala que em todo o país a vacinação é de segunda a segunda, 24 horas por dia. Tem cidade oferecendo vacina pela janela do carro.
Outro ponto fundamental é o apoio de políticos e famosos, como o ilusionista Uri Geller, que ficou mundialmente conhecido por entortar colheres.
A mágica do primeiro-ministro conservador Benjamin Netanyahu é ter noção do básico: a importância de dar o exemplo. Ele foi o primeiro a tomar a vacina no país. Netanyahu vem repetindo por aí todos os dias: “Vacinem-se!”
Israel abraçou a mesma causa de grande parte da Europa: vacinação gratuita, para todos, na rede pública. No Reino Unido, por exemplo, é impossível receber a vacina em um hospital particular ou em farmácias.
O sistema público israelense tem o cadastro de grande parte da população em uma rede digital que cobre o país inteiro. Assim, fica simples e rápido convocar quem é do grupo de risco.
É um país pequeno – cerca de 9 milhões de pessoas -, com uma realidade específica, mas que tem apontado caminhos. Os profissionais da saúde sabem que, se tudo continuar nesse ritmo, a vida pode melhorar logo-logo.