
O Ministério da Saúde informou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 que o Brasil deve parar de usar a vacina Coronavac na campanha de imunização contra o vírus em 2022. A pasta declara dois motivos para decisão:
- A princípio, a vacina ainda tem apenas o status de aprovação emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa);
- O imunizante demonstrou baixa efetividade entre idosos acima de 80 anos de idade.
Quem respondeu à CPI foi o diretor de Programa da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Danilo de Souza Vasconcelos, e pela secretária do mesmo setor, Rosana Leite de Melo.
“A razão sobre a possível descontinuidade da vacina Coronavac no ano de 2022 está diretamente relacionada com condição de sua avaliação pela Anvisa”, informaram.
“Além do fato de estudos demonstrarem a baixa efetividade do imunizante em população acima de 80 anos; discussões na Câmara Técnica que não indicaram tal imunizante como dose de Reforço ou Adicional – conforme NT Técnicas SECOVID, assim, no atual momento, só teria indicação como esquema vacinal primário em indivíduos acima de 18 anos. Há estudos em andamento que sinalizam que mesmo usando em esquema vacinal primário há que se considerar uma terceira dose”, completaram os servidores.
Os especialistas já esperavam que a efetividade da CoronaVac fosse inferior em idosos, devido à tecnologia da elaboração do imunizante. De acordo com um estudo preliminar com adultos acima de 70 anos, a efetividade média da Coronavac contra a Covid foi de de 42%.
Registro definitivo
Junto da CoronaVac, a Janssen também tem o registro emergencial. Até o momento, no Brasil, as vacinas da Pfizer e da AstraZeneca/Fiocruz já obtiveram o registro definitivo pela Anvisa e pela Organização Mundial da Saúde.
Após retornar de Nova York, o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que o governo só considerará a possibilidade de inclusão da CoronaVac no Plano Nacional de Imunizações se ela obtiver o registro definitivo.
“Uma vez a Anvisa concedendo o registro definitivo, o Ministério da Saúde considera essa ou qualquer outra vacina para fazer parte do PNI”, disse Queiroga.
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Nota do Butantan
Em meio à maior crise sanitária do país das últimas décadas, o Butantan foi o primeiro instituto a firmar parceria internacional e a disponibilizar um imunizante eficaz e seguro aos brasileiros, atendendo ao senso de urgência no contexto de uma pandemia. Desde então, os diálogos com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que já aconteciam rotineiramente, tornaram-se ainda mais constantes e necessários, por vezes realizados inúmeras vezes em uma mesma semana.
É de extrema importância esclarecer que o órgão sanitário brasileiro recebeu, no dia 20 de novembro de 2020, a primeira parte dos dados de imunogenicodade da CoronaVac, documentação necessária para oficializar o pedido de registro definitivo da vacina do Butantan.
A partir desta data, iniciou-se a discussão sobre as metodologias utilizadas, o que fez com que houvesse esse atraso nos resultados dos testes de imunogenicidade. Se houvesse tido consenso nos métodos propostos pelo instituto, o processo já estaria concluído e o registro definitivo da CoronaVac já teria sido concedido.
No momento, com o objetivo de sanar a questão, o Butantan fechou um acordo com a Sinovac para que as análises complementares de imunogenicidade sejam realizadas em parceria com o laboratório. As amostras já foram enviadas para análise no padrão requerido pela Anvisa.