Internações de jovens aumenta neste ano
Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil

Os países que enfrentaram a explosão de casos de ômicron já registram uma queda consistente no número de infecções por Covid-19. África do Sul e Reino Unido estão entre os países que anunciaram ter superado o pico de casos oficialmente registrados e, nesta quarta-feira (19), o Reino Unido divulgou que vai suspender restrições.

Na visão de autoridades e especialistas, a curva descente pode indicar que o auge das contaminações pode ter sido superado, três semanas depois do início do tsunami de ômicron.

Para o epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas, a curva de transmissão da doença deve começar a cair nas próximas semanas no Brasil. “A onda da ômicron, até pelo fato de que ela sobe muito rápido, ela tem uma tendência a descer muito rápido – então os matemáticos sugerem isso”, explica.

“E se a gente não olhar para os modelos, mas olhar para a prática, também foi a mesma coisa. O caso da África do Sul talvez seja o mais marcante. Então com certeza, em março, a ômicron já vai estar muito mais baixa no Brasil. A dúvida é se é ainda no final de janeiro ou se vai ser em fevereiro que vai começar a baixar. Mas a tendência é que seja uma onda bem mais curta”, diz Hallal em entrevista ao g1.

O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, prevê que já será possível começar a notar uma estabilização e até uma queda dos casos. “A tendência é que essa onda da ômicron, por ser uma onda tão explosiva e com um número tão grande de casos, é que ela dure em torno de 5 ou 6 semanas. Então, aqui no Rio de Janeiro a gente espera que realmente já esteja muito próximo desse pico”, disse

A professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel, que tem pós-doutorado em epidemiologia pela Universidade Johns Hopkins, lembra que algumas incertezas no Brasil atrapalham as projeções.

“Estamos no verão, as pessoas tendem a se aglomerar mais, não sabemos o que vai acontecer no Carnaval e ainda temos os problemas com as subnotificações [o registro de casos de Covid segue sendo afetado pelo apagão de dados do Ministério da Saúde, que ocorreu em dezembro]. É impossível prever o que acontecerá no Brasil”, aponta.

Ethel reforça que a ômicron não é mais leve e, assim como as outras variantes, também mata. “Algumas pessoas vão agravar e vão morrer, mesmo com a ômicron. Estamos vendo isso no mundo todo. É claro que os vacinados estão mais protegidos, mas ela também mata. É em menor quantidade, se comparar com o tanto de gente que se infecta? Sim. Mas são mortes”.

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Se o Brasil seguir o mesmo padrão de outros países, o pico da ômicron seria entre 25 e 45 dias no país. “Se pensar em 45 dias, atingiríamos o pico até fevereiro e a curva desceria bem rápido também. Mas temos o carnaval. Mesmo que as cidades tenham cancelado, é difícil controlar as pessoas. Elas viajam, aglomeram”, alerta Ethel.

“Não temos como prever qual será o impacto do Carnaval. Tudo vai depender do que vai acontecer em fevereiro”, completa a epidemiologista.

Ela explica que, como a ômicron é altamente transmissível, a transmissão é muito rápida. A variante delta demorava quase duas semanas para dobrar o número de casos. Já a ômicron demora cerca de quatro dias. “Se você tinha mil casos de delta, demoraria quase duas semanas para chegar a dois mil casos. A ômicron se transmite muito rápido, aumentando 0.35 por dia. Se você tinha mil casos, em três ou quatro dias ela já dobrou”.