
A auxiliar de enfermagem Deise de Souza Bezerra dos Santos, de 33 anos, viu seus dias nos hospital mudarem em poucos dias. Em vez de atender, ela passou a ser atendida: ficou entubada por 19 dias por conta do novo coronavírus.
A luta contra o Sars-Cov-2, o vírus que causa a doença, não foi fácil. Segundo entrevista ao G1, a auxiliar conta que os médicos chegaram a falar para a mãe e famílias que “era só Deus”.
“Eu não tinha melhoras. Não parecia que eu tinha pulmão. Eu fiquei muito ruim. Deus me deu uma nova oportunidade de vida”, disse ela.
Ela deixou a UTI na terça-feira (7). Na saída, foi aplaudida por dezenas de profissionais de saúde (veja o vídeo).
“É muito emocionante. Depois de tudo o que passei, 30 dias internada, foi muito gratificante receber aqueles aplausos. E eu estou muito bem, graças a Deus. Estou me recuperando aos poucos, fazendo fisioterapia a distância, sendo assistida pelos médicos. Tinha um pouco de dificuldade de andar, mas com alguns exercícios, com a ajuda de familiares, consigo me locomover bem. E a cada dia que passa estou me recuperando mais”.
Progressão da doença
Tosse seca e febre de 39 graus foram os primeiros sintomas sentidos por Deise ainda no dia 6 de março, uma sexta-feira.
Ela procurou uma unidade de saúde e foi testada para Covid, logo depois de contar que era profissional da saúde.
De volta em casa, aguardando o resultado do exame, passou mal e precisou voltar ao hospital. No domingo (8), a auxiliar foi até a rede onde trabalha; fez o raio-X e alguns exames de sangue, que deram pequenas alterações.
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Na segunda-feira (9), ela não aguentou esperar. Ainda com muita febre, dor no corpo e agora, falta de ar, ela voltou ao primeiro hospital que passou, em Suzano, e foi internada. Mais tarde, foi transferida para a unidade onde trabalha.
“Eu já cheguei lá não muito bem, com muita falta de ar, que até então eu não estava sentindo. No dia seguinte saiu o resultado positivo. No segundo dia de internação eu tive de descer para a UTI, porque esse vírus não é brincadeira”, diz Deise. “Ele tomou conta do meu pulmão em dois dias. Se olhar o raio-X e a tomografia que fiz no dia 9 e os que fiz no dia em que fui para a UTI, não parece ser a mesma pessoa”, completa.
Como todos os pacientes com sintomas da Covid-19 atendidos por Deise no trabalho apontaram resultado negativo, ela diz não saber onde contraiu o vírus.
“As pessoas estão brincando, mas é muito sério. Temos que levar a sério, sim. Vemos toda hora falando na televisão. Temos que ficar em casa, lavar as mãos e se prevenir, porque esse vírus veio e não é brincadeira. Hoje eu tenho um outro conceito. Estava até falando para o meu marido que eu brincava no começo, falava que a gente estava tudo ‘coronado’. Hoje não brinco mais, porque é muito sério”.
Com informações do G1.