
O professor Elvio Franco de Camargo é um dos voluntários que ajudam no combate ao Covid-19 no Brasil. Junto com um grupo de profissionais, o professor de Sorocaba tem adaptado máscaras de mergulho para tratar pacientes internados com coronavírus.
Em entrevista ao G1, Elvio diz que a ideia foi inspirada em um iniciativa que surgiu na Itália, que tinha o objetivo de evitar a intubação dos pacientes. De acordo com o professor, o uso do ventilador na intubação pode causar perda da respiração voluntária da pessoa infectada. O aparelho pode ainda contaminar a equipe de saúde envolvida no tratamento.
“Pessoas que são submetidas a intubação muitas vezes ligam para a família se despedindo por não saberem se vão retornar. Pensamos nos profissionais de saúde que convivem com esses casos diariamente.”
O grupo de voluntários chamado Motirõ se reuniu para adaptar máscaras utilizadas em mergulho, fazendo com que o oxigênio produzido permaneça no equipamento. As transformações do projeto aconteceram entre março e abril com a participação de ONGs, médicos, fisioterapeutas e engenheiros de todo o país.
Para isso, o grupo recebeu doações de empresas de cerca de 2,5 mil máscaras de mergulho para realizar a adaptação. Até então, já foram produzidos mais de 1,8 mil equipamentos, que foram enviados para vários lugares do Brasil.
“Nos organizamos sem receber nada até que se formou esse grupo responsável por adaptar as máscaras, somente em prol do bem, e não paramos até agora. Sem ‘egos’, muito trabalho e respeito aos profissionais de saúde e aos acometidos pela Covid”, disse Elvio.
Foto: Divulgação/Grupo Motirõ
Eficácia do tratamento
Segundo o professor, a máscara adaptada não faz mal algum ao paciente e os médicos tiram uma radiografia do paciente antes e depois do procedimento. De acordo com ele, em Sorocaba, 90% das pessoas que utilizaram o equipamento evoluíram na recuperação da doença. Além disso, antes do uso do início do tratamento, o paciente precisa de uma prescrição médica com a indicação de quanto tempo pode usar a máscara.
“O ar que a gente respira tem somente 21% de oxigênio. Então, quando a pessoa vai para intubação, pode receber uma adição maior, como 50%. Só que isso pode ser feito em ventilador pulmonar ou nessa máscara, com protocolo médico para saber quanto tempo a pessoa pode ficar, seguindo as recomendações médicas”, informa.
