médico aplicando vacina em braço de mulher
Foto: Reprodução

Uma das dúvidas em relação às vacinas contra a Covid-19 que estão sendo desenvolvidas é: quem já foi contaminado pelo vírus precisa ser vacinado? E para essa pergunta os especialistas respondem que sim, há possibilidade dessas pessoas serem imunizadas também.

De acordo com a neurocientista Mellanie Fontes-Dutra: “a imunidade da vacina pode trazer benefícios em relação à nossa imunidade natural”. Fontes-Dutra também é coordenadora da Rede Análise Covid-19.

A epidemiologista e vice-presidente do Instituto Sabin, Denise Garret, concorda com a profissional. “Nós não conhecemos muito a imunidade que a Covid-19 dá e nem a da vacina. Geralmente, para algumas doenças, a vacina dá uma imunidade mais duradoura e forte. Porque é algo mais padronizado”.

Segundo as especialistas, a imunidade sob a doença depende do tipo de coronavírus que a pessoa contraiu. “Quem teve uma Covid-19 leve, ou quem se inoculou com uma carga viral muito pequena, pode ser que a imunidade não seja tão forte como a de quem teve uma Covid-19 mais forte”, explica Garrett.

Memória imunológica

No caso de infecção leve, o corpo aciona a primeira linha de defesa, representada pelas células do sistema imunológico inato. Enquanto isso, na infecção grave, é acionada a segunda linha de defesa, com as células do sistema imunológico adaptativo.

Essas células são especialistas, são recrutadas a partir das células do sistema inato. Por exemplo, quando a infecção está se estendendo e é necessária uma resposta específica contra ela, mais robusta e direcionada”, completa Fontes-Dutra.

É a segunda linha de defesa que gera uma memória imunológica no indivíduo. Assim, essa memória pode responder no caso do corpo ser infectado pela segunda vez. “Sabendo que muita gente que teve Covid-19 pode não ter feito essas células de memória, essas pessoas permanecem suscetíveis de alguma forma. Por isso, é muito relevante essas pessoas também se vacinarem”, diz a neurocientista.

Além disso, a imunidade gerada pela vacina pode abranger outros tipos de variantes do SARS-CoV-2. No entanto, ainda não há resposta para a “imunidade natural” da doença.

“Para esse tipo de vírus, a vacina é melhor do que a imunidade natural. Mas isso não é uma regra. A imunidade natural da caxumba, por exemplo, é bem maior que a da vacina”, finaliza Garrett.

Final da fila

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, chegou a dizer em agosto que, pelo menos no início da campanha de vacinação, as pessoas que já tiveram Covid-19 seriam excluídas.

“Até pode vacinar, não necessariamente necessita. Num primeiro momento [de vacinação], aqueles que não tiveram a infecção e, num segundo momento, aqueles que tiveram. Vamos acompanhar.”

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Com informações do G1.