
No dia 27 de setembro, o Brasil celebra o Dia Nacional da Doação de Órgãos, uma ocasião especial para conscientizar a sociedade sobre a importância de se tornar um doador. Infelizmente, a falta de diálogo sobre esse tema crucial muitas vezes impede que oportunidades valiosas se concretizem.
Em 2022, Juliana Alves de Souza enfrentou a dolorosa perda de seu filho, Leonardo Alves de Araújo, de apenas 13 anos. Diante dessa tragédia, ela tomou uma decisão incrivelmente generosa: autorizar a doação dos órgãos de seu filho. “Eu nunca tinha pensado ou conversado sobre doação de órgãos, parecia muito distante da minha realidade”, conta. “Decidi autorizar a doação porque entendi que os órgãos não ajudariam mais o meu filho, mas podiam salvar muitas vidas. É muito doloroso tomar essa decisão, mas é um lindo gesto de amor ao próximo”.
A importância das estatísticas
De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), apenas no primeiro semestre de 2023, o Brasil realizou 4.247 transplantes. Esses números representam não apenas a eficácia do sistema de doação de órgãos, mas também a esperança que ele traz para aqueles que aguardam ansiosamente por uma segunda chance na vida.
Transplantes no Hospital São Vicente de Paulo
O Hospital São Vicente de Paulo é uma referência em captação de órgãos em todo o estado de São Paulo. Nos primeiros oito meses deste ano, o HSV realizou cinco captações, resultando em 25 órgãos doados. No ano de 2022, ao longo de todo o ano, aconteceram 11 captações, com 59 órgãos doados. Esses números refletem o compromisso inabalável da equipe do São Vicente em salvar vidas por meio da doação de órgãos.
Ampliando o diálogo sobre doação de órgãos
Para Juliana, ampliar o diálogo sobre a doação de órgãos é de extrema importância. “Para mim é uma honra falar sobre isso, é necessário ter essa conversa, pois não sabemos o dia de amanhã. Do mesmo modo em que o Leo foi um herói e salvou muitas vidas, alguém poderia ter salvo as nossas. Mesmo diante de tanta dor, é possível fazer o bem”, diz emocionada.
No entanto, ainda há obstáculos quando se trata de doação de órgãos. A Comissão Intra Hospitalar de Transplantes (CIHT) do Hospital São Vicente, desempenha um papel fundamental na abordagem das famílias sobre a possibilidade da doação. Os motivos mais comuns para a recusa incluem a complexidade dos sentimentos da família diante da recente perda, a falta de conhecimento sobre a vontade do paciente, o desconhecimento sobre o procedimento de captação e razões religiosas.
O Dr. Izandro Régis Brito Santos, médico e coordenador da CIHT, destaca a importância das comissões no sistema nacional de transplantes. “A Comissão Intra Hospitalar de Transplantes realiza a busca ativa de pacientes em morte encefálica, passa conhecimento e segurança aos familiares e colaboradores envolvidos no processo de transplantes”, explica. De acordo com o médico, a equipe também acompanha o doador e familiares até depois da retirada dos órgãos. “Cuidamos das questões legais do processo e realizamos o contato com instâncias superiores do sistema de transplantes para que a doação seja efetivada”.
Um novo começo após a tragédia
Um ano após autorizar a doação de órgãos de seu filho Leo, Juliana recebeu uma bênção adicional: a notícia de que está grávida do segundo filho. “Deus já está me presenteando com a chegada desse bebê, é uma bênção”, afirma.
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