
No dia 27 de setembro, celebra-se o Dia Nacional da Doação de Órgãos, uma data que destaca um dos gestos mais altruístas e transformadores que uma pessoa pode realizar. A doação de órgãos pode salvar até oito vidas, oferecendo uma nova chance para pacientes que aguardam na fila de transplantes. Coração, fígado, rins, pulmões, pâncreas e intestino são órgãos com potencial de transplante, além de tecidos como córneas, pele e ossos.
A importância do diálogo familiar sobre a doação de órgãos
Apesar do potencial de salvar vidas, muitos transplantes não se concretizam por falta de informação e de diálogo com os familiares. De acordo com Raíssa Fileli, enfermeira da Comissão Intra-Hospitalar de Transplante (CIHT) do Hospital São Vicente de Paulo (HSV), a autorização da família é obrigatória, mesmo quando o desejo do doador foi declarado em vida.
“Sem o consentimento familiar, os órgãos não são doados, mesmo estando em boas condições”, reforça a especialista.

Entenda o processo de doação de órgãos
Quando há a confirmação da morte encefálica, começa uma corrida contra o tempo. A equipe deve realizar exames clínicos, laboratoriais e de imagem para verificar a viabilidade dos órgãos. O coração, por exemplo, deve apresentar bom funcionamento no ecocardiograma; o fígado precisa ter enzimas em níveis seguros; e os rins são avaliados por meio da função urinária e da creatinina.
Além disso, a equipe médica avalia se há infecções, lesões ou doenças que possam impedir a doação. Algumas condições representam contraindicações absolutas, como sepse, HIV, hepatites agudas e cânceres em atividade. Já outras, como idade avançada ou uso contínuo de drogas, são contraindicações relativas, que exigem avaliação mais criteriosa.
Cuidados intensivos até a captação dos órgãos
Após o diagnóstico de morte encefálica, o paciente permanece na UTI, recebendo cuidados intensivos para manter o funcionamento dos órgãos. Isso inclui ventilação mecânica, medicamentos, controle de temperatura e reposição hormonal. Mesmo sem atividade cerebral, esses cuidados são essenciais para evitar a falência dos órgãos antes da captação.
“É o cuidado com quem já partiu para salvar quem ainda tem chance de viver”, evidencia Raíssa.
História de superação: uma nova vida após o transplante
A trajetória de Luana de Oliveira Machado, de 33 anos, mostra a importância da doação de órgãos. Nascida com apenas um rim funcional, Luana enfrentou nove anos de hemodiálise e dois transplantes renais. Durante a espera por um novo órgão, chegou a sofrer um AVC.
“Hoje posso viajar, me divertir, viver sem a pressão da hemodiálise. Sei exatamente como é estar do outro lado”, relata Luana, emocionada.
Desde o segundo transplante, realizado há cinco anos no Hospital do Rim, em São Paulo, ela reconquistou sua qualidade de vida. Embora não possa ser doadora por ser diabética, defende com fervor a causa.
Hospital Amigo do Transplante
Desde 2018, o HSV mantém o selo de “Hospital Amigo do Transplante”, concedido pela Central Estadual de Transplantes de São Paulo. A certificação reconhece o compromisso com todas as etapas do processo de doação de órgãos, da identificação do possível doador ao acolhimento da família.
“Esse selo mostra que o trabalho no HSV é feito com excelência, humanidade e responsabilidade”, destaca Raíssa.
Conscientizar para salvar
A doação de órgãos é um ato de amor, empatia e informação. Quanto mais pessoas estiverem conscientes da importância de comunicar esse desejo, maiores serão as chances de salvar vidas. Falar sobre o tema em casa, de forma clara e respeitosa, é um passo fundamental.
Afinal, doar ultrapassa a dor da perda e oferece uma nova esperança a quem aguarda uma segunda chance para viver.
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