
A Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ) está recrutando voluntários para uma pesquisa inédita que investiga as causas do desconforto visual durante a leitura, um problema que afeta crianças, jovens e adultos e que, muitas vezes, passa despercebido em exames tradicionais.
O estudo busca responder a uma pergunta comum, mas ainda pouco compreendida: por que tantas pessoas sentem incômodo, cansaço, dor ou até dificuldade antes mesmo de iniciar a leitura? A participação é aberta a pessoas com ou sem sintomas e pode contribuir diretamente para avanços no diagnóstico e no tratamento de problemas visuais relacionados à aprendizagem e à qualidade de vida.
Pesquisa une ciência, tecnologia e saúde visual
O trabalho integra o projeto “Análise do Olhar Humano: Estudos Experimentais de Rastreamento Ocular para Reconhecimento de Padrões Visuais em Tarefas Cognitivas”, liderado pelo pesquisador e engenheiro Rafael Nobre Orsi.
Segundo ele, “entender como o olho se comporta diante de estímulos visuais é essencial para diagnósticos mais precisos e intervenções que realmente melhorem o aprendizado e a qualidade de vida.”
O projeto conta com apoio institucional da Diretoria de Inovação e Tecnologia da FMJ. Para o diretor, António César Galhardi, “pesquisas como esta mostram como a tecnologia pode derrubar barreiras invisíveis que prejudicam o desenvolvimento humano”.
Por que esse estudo é tão importante?
O foco da pesquisa está no estresse visual, especialmente em condições como a Síndrome de Irlen, que ganhou destaque em Jundiaí após a criação da Campanha Municipal de Conscientização em 2019, pelo então vereador e atual prefeito Gustavo Martinelli.
O alerta, no entanto, vai além. A Síndrome de Irlen vem sendo frequentemente confundida com outras condições que também afetam o desempenho escolar, a leitura e o processo de aprendizagem, muitas vezes sem um diagnóstico preciso. Isso faz com que crianças, jovens e adultos convivam com dificuldades sem compreender sua origem.
O que é a Síndrome de Irlen?
A Síndrome de Irlen é uma alteração na percepção visual relacionada à adaptação à luz. Entre os principais sintomas estão:
- sensibilidade ao brilho do papel branco;
- dor ou desconforto ao ler;
- dores de cabeça;
- náuseas;
- dificuldade de concentração;
- dificuldade para acompanhar linhas ou letras.
Um dos grandes desafios é que exames oftalmológicos convencionais não identificam essa condição. O diagnóstico depende, na maioria das vezes, apenas do relato do paciente, o que pode gerar confusão com outros transtornos visuais ou cognitivos e atrasar intervenções adequadas.
Tecnologia que pode transformar diagnósticos
Para enfrentar esse cenário, a FMJ utiliza a tecnologia de rastreamento ocular (eye tracking), um método moderno, seguro e não invasivo, capaz de mapear com precisão os movimentos dos olhos diante de palavras, imagens ou estímulos visuais simples.
A tecnologia permite avaliar não apenas pessoas alfabetizadas, mas também crianças e adultos que ainda não sabem ler, incluindo aqueles em fase de alfabetização. Isso amplia a compreensão das dificuldades desde as etapas iniciais do aprendizado.
O objetivo é desenvolver um método inovador, objetivo e baseado em evidências científicas para apoiar diagnósticos mais confiáveis e orientar intervenções eficazes.
Quem pode participar da pesquisa?
A pesquisa contará com 360 participantes, divididos entre grupo controle e grupo alvo, em parceria com a FEI e o Centro Paula Souza. Podem participar:
- pessoas que sentem desconforto visual ao ler;
- pessoas que nunca apresentaram sintomas (grupo controle);
- crianças ou adultos que ainda não sabem ler, mas demonstram sinais de desconforto visual, dificuldade de foco ou desafios no processo de aprendizagem.
A participação é voluntária e contribui diretamente para o avanço da ciência e da saúde visual.
Onde e como participar?
Local: Unidade 01 da Faculdade de Medicina de Jundiaí
Rua Francisco Telles, 250 – 1º andar – Unidade 01 – FMJ
Agendamento: de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h
Telefone: (11) 3395-2157
E-mail: [email protected]