Aferindo pressão.
Foto: Reprodução/ Agência SP

Silenciosa e perigosa, a hipertensão arterial afeta um em cada três adultos no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, e está entre os principais fatores de risco para infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência renal.

Em um cenário marcado por desigualdades no acesso à saúde, pesquisas apontam para soluções simples e acessíveis — entre elas, os exercícios isométricos, que consistem em contrações musculares sem movimento articular e podem ser feitos até em casa.

Redução comprovada da pressão arterial

Estudos publicados no British Journal of Sports Medicine indicam que a prática regular de exercícios isométricos por seis a oito semanas pode reduzir de forma significativa a pressão arterial sistólica — valor mais alto registrado na medição. O cardiologista Fernando Nobre, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP) da USP, explica à Agência SP que, durante a atividade isométrica, a pressão arterial tende a se elevar mais do que em atividades aeróbicas, mas posteriormente esse efeito se torna benéfico e relevante para o controle geral da pressão.

Ele destaca ainda que os benefícios se estendem ao sono. Segundo o especialista, em dias de prática, o monitoramento de 24 horas mostra que a pressão tende a ser mais baixa principalmente no período noturno, considerado decisivo no prognóstico da hipertensão.

Exercício sem movimento, mas com resultado

Ao contrário das atividades aeróbicas, a isometria não exige deslocamento, corrida ou grande carga cardiovascular. O método envolve a contração estática de um grupo muscular, como na prancha abdominal, no agachamento com as costas apoiadas na parede (wall sit) ou no uso de hand grip (aparelho de preensão manual).

A professora Camila de Moraes, da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP, em entrevista à Agência SP, afirma que essa prática pode ser realizada por pessoas com baixa atividade física habitual, indivíduos sedentários, idosos, pessoas com mobilidade reduzida e até gestantes sem contraindicação médica.

Ela acrescenta que, além de acessíveis, esses exercícios têm protocolos simples e de curta duração, o que favorece a adesão. Camila também reforça que o baixo custo, a ausência de equipamentos sofisticados e a possibilidade de praticá-los em casa ou em locais comunitários são pontos que aumentam sua viabilidade.

Cuidados antes de iniciar

Apesar da praticidade, os especialistas alertam para a necessidade de orientação profissional. Nobre explica que não é recomendável iniciar esse tipo de treino sem avaliação médica, preferencialmente com um cardiologista, que poderá fornecer as informações necessárias para que educadores físicos ou fisioterapeutas orientem a execução de forma segura.

A atenção deve ser redobrada em pessoas com comorbidades ou complicações da hipertensão, como alterações cardíacas ou vasculares. Camila ressalta que é fundamental que a doença esteja controlada, geralmente por meio de medicamentos, especialmente em indivíduos que não apresentam grandes variações de pressão ao longo do dia. Ela também recomenda interromper a prática diante de sinais como tontura, falta de ar ou dor no peito.

Complemento, não substituto

Embora apresentem resultados promissores, os exercícios isométricos não substituem o tratamento medicamentoso. De acordo com Nobre, o efeito dos remédios na redução da pressão costuma ser maior do que qualquer intervenção não medicamentosa, sendo que ambos têm papéis complementares.

As diretrizes médicas recomendam combinar exercícios aeróbicos, isométricos e de resistência dentro de um programa mais amplo, que inclua alimentação equilibrada, controle do estresse, abandono do tabagismo e acompanhamento médico regular. Os especialistas reforçam que a atividade física deve ser adaptada às condições individuais de cada praticante.

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