
Mais de 44 mil pessoas aguardam na fila do Ministério da Saúde por um transplante de órgão e/ou tecido, por essa razão, há pouco o que se comemorar no Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, pelo contrário, ainda há muito trabalho a ser feito.
O objetivo da data é fortalecer a conscientização e destacar a importância desta prática, que pode ajudar milhares de pessoas que esperam pela oportunidade de salvar suas vidas.
Em Jundiaí, por exemplo, no Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), dos 33 casos de morte encefálica registrados neste ano, seis (18%) não tiveram a autorização da família, 16 (48%) apresentaram algum tipo de contraindicação e 11 (33%) culminaram em doação de órgãos.
A Comissão Intra Hospitalar de Transplante (CIHT) do HSV explica que vários fatores interferem na contraindicação, como sorologia, idade, causa desconhecida do óbito, sepse e paciente sem família, por isso, a importância da conscientização. Uma vez que nem sempre a autorização é o suficiente, quanto mais famílias permitirem a doação de órgãos, maior a probabilidade que seja possível realizar o transplante.
A enfermeira responsável pelo CIHT, Thais Fernanda Rocha Santos, orienta para que as pessoas que têm interesse em doar seus órgãos, tenham um diálogo franco com a família, deixando claro seu desejo. Desta forma será mais tranquilo e menos doloroso autorizar que parte de um ente querido possa manter viva a esperança de uma outra pessoa.
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Doação
Atualmente, os órgãos mais comuns doados são córneas, rins e fígado. “Os mais difíceis são pulmão e coração, devido aos diversos critérios necessários para o transplante destes órgãos”, explica Thais. Há ainda a possibilidade de doação de tecidos ósseos e musculares e pele, que são pouco divulgados.
Os principais desafios são os fatores compatibilidade e tempo.
O órgão a ser doado tem de ser compatível com o paciente que aguarda na fila. Por isso, nem sempre o primeiro da fila é o que vai receber o órgão doado, mas sim o próximo que tiver maior compatibilidade.
O tempo também é importante. Cada órgão pode suportar um determinado tempo entre a retirada e o transplante em outra pessoa, chamado de isquemia. Por exemplo, coração pode demorar até 4 horas; pulmão de 4 a 6 horas; rim é de 48 horas; fígado 12 horas e pâncreas 12 horas.
Para ser doador, é necessário que o paciente tenha a confirmação de morte encefálica, ou seja, quando o corpo deixa de ter qualquer função neurológica. A família também precisa autorizar. “Quando identificamos um potencial doador, acionamos a família, acolhemos e explicamos sobre a possibilidade de doação. Quando há o consentimento, acionamos a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) de São Paulo. A equipe do paciente que vai receber o órgão vem ao hospital e realiza a retirada, dando breve encaminhamento ao órgão”, explica.