
O Novembro Roxo, mês de conscientização sobre a prematuridade, reforça a importância de alertar a população sobre os riscos e impactos do parto antes de 37 semanas. A campanha destaca a necessidade de ações preventivas, especialmente por meio de um pré-natal de qualidade, capaz de reduzir complicações e melhorar o desfecho materno e neonatal.
No Brasil, cerca de 11% a 12% dos partos são prematuros. Segundo especialistas, cerca de 60% deles acontecem de forma espontânea, como em casos de trabalho de parto prematuro, infecções ou gestação gemelar, enquanto outros 40% são antecipados devido a complicações que colocam em risco a mãe ou o bebê. Entre essas, a pré-eclâmpsia é uma das mais frequentes e preocupantes.
Pré-eclâmpsia: uma das principais causas de antecipação do parto
A pré-eclâmpsia, doença sistêmica que surge após a 20ª semana de gestação, pode comprometer órgãos como rins, fígado e cérebro, além da placenta. Quando evolui para quadros graves, pode causar convulsões e até a morte. Por comprometer a função placentária, também afeta o crescimento do bebê, exigindo, muitas vezes, a realização do parto prematuro como forma de preservar vidas.
O obstetra e professor da Faculdade de Medicina de Jundiaí, Ricardo Maia Barbosa, explica que “a pré-eclâmpsia é uma causa importante e frequente de necessidade de antecipação do parto, tendo um impacto direto nas taxas de prematuridade”.
Entre os sinais de alerta, gestantes devem observar aumento da pressão arterial, inchaço súbito, dor de cabeça intensa, alterações visuais e dor na parte superior do abdômen. Em caso de sintomas graves, a orientação é buscar atendimento imediato.
Quando a doença aparece e por que oferece tantos riscos
Embora a pré-eclâmpsia possa surgir em qualquer momento após a 20ª semana, ela é mais comum no terceiro trimestre.
Quando aparece cedo, tende a ser mais severa. Por ser uma condição progressiva, pode causar danos em múltiplos órgãos e insuficiência placentária, colocando em risco tanto a vida da mãe quanto a do bebê.
Diagnóstico precoce depende do pré-natal adequado
A melhor forma de identificar a pré-eclâmpsia precocemente é manter o pré-natal regular. Nas consultas, são avaliados pressão arterial, peso e altura uterina, parâmetros que podem indicar alterações relacionadas à doença. Ricardo destaca que as gestantes devem comunicar qualquer sintoma suspeito ao pré-natalista.
“Em todas as consultas a gestante será examinada […] possibilitando prosseguir na investigação e cuidado”, explica.
Fatores de risco e como preveni-los
Algumas condições aumentam as chances de pré-eclâmpsia, como:
- Primeira gestação
- Histórico pessoal ou familiar da doença
- Obesidade
- Hipertensão crônica
- Diabetes
- Gestação múltipla
- Idade materna acima de 35 anos
- Fertilização in vitro
- Doenças renais e autoimunes
Ainda assim, mesmo mulheres sem fatores de risco podem desenvolver a doença.
Entre as medidas preventivas, estão alimentação equilibrada, prática de exercícios e controle de condições pré-existentes. Em gestantes de alto risco, o uso de aspirina em baixa dose (AAS) e suplementação de cálcio, quando prescritos pelo obstetra, reduzem significativamente as chances de pré-eclâmpsia.
Tratamento e acompanhamento durante a gestação
Uma vez diagnosticada, a gestante passa a ser acompanhada como alto risco, com consultas mais frequentes, monitoramento da pressão arterial e, se necessário, uso de medicações anti-hipertensivas. Exames laboratoriais e ultrassonografias complementares avaliam a saúde materna e fetal. Casos leves podem ser acompanhados fora do hospital; os mais graves exigem internação.
Apesar do uso de medicamentos, a única cura para a pré-eclâmpsia é o parto. Em situações de risco, como pressão muito alta que não responde a medicação, convulsões (eclâmpsia), piora clínica, alterações laboratoriais importantes ou sinais de sofrimento fetal, a antecipação do parto se torna indispensável.
Mensagem final para gestantes e famílias no Novembro Roxo
O obstetra Ricardo Maia Barbosa reforça que a chave para prevenir complicações graves é o cuidado contínuo.
“O principal recado é que o pré-natal salva vidas. Grande parte das complicações que levam ao parto prematuro pode ser prevenida ou identificada precocemente com acompanhamento regular.”
Ele lembra que manter consultas em dia, seguir orientações médicas e observar sinais de alerta são atitudes simples que fazem toda a diferença para garantir uma gestação segura e um bebê saudável.